Sapatadas e travadas

floating havaianas again, do Flickr de jimmiexx, CC:BY,NC

Enquanto o Bush sai de entrevista embaixo de sapatada, eu caio na gargalhada. E ainda fui ler colunita da Fal lindona no iG e aí me toquei: com meus calçadinhos 40/41 esta moda não vai prestar pra nada. Eu gostei muito, muito, muito da tradição islâmica de insulto: joga o sapato.

Tenho uma fila pra jogar sapato? Não. A primeira sou eu mesma, mesmíssima. Raios me partam! Diz a Dra P. que é pré-menopausa. Deve de ser mesmo, que ando mais mal passada que lichia de 20 dias – casca dura e espinhenta por fora, fruta amarga por dentro. E as coisas parecem andar a passo de tartaruga, eu não me mexo, me irrito comigo e com quem atravessar o meu caminho.

A amiga sábia diz que é causo pra fluoxetina. Eu, a esta altura do sofrimento – já são uns 20 dias disso, tá soda – já tô topando pílula da felicidade. Mandaí. Topo não poder colocar o bicão no vinho, que adoro. Topo qualquer negócio. Porque a madrugada é fria, vazia. Eu quero silêncio e ele me corta. E os sorrisos são fugazes e disfarçados.

Agora vamos voltar à imagem inicial: já pensaram mesmo se eu saio por aí mandando minhas botinas 40/41 pra cima de alguém? 😀

Tia Fal mandou, vou deixar aqui a minha lista de um item. De 2008 levo a falta da minha preta. E as dívidas no banco, que destas ninguém escapa.

pausa para os comerciais: Nick Ellis vai ganhar!

Nick Ellis é um amigo pra todas as horas – principalmente as boas. Ele ajuda sempre que pode. Por isso eu apóio sua candidatura à vencedor do Desafio LG.
Se você quiser me acompanhar na luta, basta publicar o vídeo em que o Nick dubla Toni Braxton em Unbreak My Heart, abaixo, em seu blog também. Espalhe o mico e ajude o Nick a ganhar esta parada.

Por um bocado de amor

daybyday
Do livro Realidade Somática, de Stanley Keleman

“A importância desta idéia fica clara quando começamos a encarar o amor como um processo biológico. Frequentemente se fala do amor como um ideal, um estado, mas raramente como um processo biológico que passa por mudanças e transformações. Quanto mais profundamente vivemos a vida de nossos corpos masi profundo é o jorro do amor. Em outras palavras, é o reconhecimento do outro como parte do processo vital. O que chamamos amor é o processo de como relacionamos nosso ser biológico e social, como modulamos nossas respostas e estabelecemos conexões que nos dão continuidade, satisfação e formação de comunidade. Esse processo garante tanto a individualização quanto a evolução humana.”

1988: um post memória

disparado por Tucori
Lucia Freitas

Quando 1988 começou eu era filha de santo, frequentava uma casa de umbanda e achava que tinha que “me purificar” e parar de ser doida. Aos 23 parecia que a vida era comprida e duraria para sempre. Tudo começou num “trabalho” na Praia Grande, lotada de gente, de trabalhos, de congestionamento. Foi o ano em que resolvi terminar a tal da faculdade, que tinha “largado” por conta do primeiro emprego, na Rádio Cultura. Sim, eu comecei como assistente de produção por lá – e também produzia o guia do ouvinte, uma revistinha com toda a programação da Cultura FM…

Enquanto eu aprendia muito sobre música erudita – honra máxima, com os maiores maestros do Brasil – e lutava para chegar na hora às aulas noturnas, no toca-fitas do fusca amarelo recorria a titãs, legião, paralamas, the cure, joy division em fitas k7 muito das bem-gravadas para driblar a encheção das 19h, que atendia pelo nome de “Hora do Brasil”.

Rabiscava poemas em cadernos que guardo até hoje. Me encantava pelos homens errados – como ainda faço hoje. Adorava o silêncio da madrugada, e isso também não mudou. Era hora de fazer tec-tec-tec na máquina de escrever eletrônica da IBM… como é que a família conseguia dormir? Fumava, tomava café e ia até o meio da madruga enchendo folhas e folhas de hai-kais, poemas e muitos desabafos. 😀

A vida parecia não ter limites. Até que outubro ou novembro chegou. Uma noite – acho que foi quase exatamente há 20 anos, tipo dia 22 de outubro, aniversário de uma certa prima -, rolou um mega estresse e meus pais se separaram. Aquele deus-nos-acuda de gritos, berros, brigas. Não conto os detalhes, mas foi feio, feio.

88 foi ano de conhecer a Yara. Foi ano de me formar na faculdade e conseguir o tal do MTB, o registro de jornalista profissional. De não ter limite algum. De jogar muito I Ching. De deixar de lado o terreiro de umbanda e tentar “voltar à casa”. De colocar um pé no dark, outro no punk e curtir muito beber, dançar, enlouquecer.

Foi ano de constituição novinha em folha para o Brasil. Tempo de colecionar LPs. Tempo de ensaiar vôo solo para encarar de frente som e fúria, separação e loucura – perder o pé total. E publicar um pequeno poema concreto em alguma coletânea. Tempo…