Dentro das águas

A woman heart is a deep ocean of secrets

presente da Ana Carolina Arruda (aka, Carol, querida!!!)

Quando aprende a habitar a si mesma
E estranha o sentir da própria carne
Quando faltam sorrisos
E também motivos para deixar de sorrir

Quando o descanso impera
E não se pode exigir nada além da espera

À espera da morte profana
Do que emana da vida insana
E inerte profunda inflama
Sob chamas alheias conclamas

Deixe-me aqui!
Que enquanto finjo que padeço
Amanheço em peles serenas
Me Refaço em minhas próprias penas
E levo-te a adentrar em meu novo EU
Morri dentro de mim mesma
E nasci do desfrute da dor que senti sem saber onde ia chegar

Cá estou
Deixe-me que chego lá
Onde nem sei se estou
Deixe-me que chego lá
Onde você pensa que me deixou
Mas estava eu apenas esquecida de mim mesma
Morri e brotei  de onde não se sabe,
onde os sonhos não alcançam
Vivi para ver conclamar que a sereia que canta bonito
Viaja dentro mar
E encanta você marinheiro que finge que sabe pescar
Fico porque nem sei se fui
E vou porque não sei ficar
Só sei que fecho os olhos e danço a dança do barco
De tanto o barqueiro remar

Caí nestas águas profundas
Me deixe que eu sei nadar
Me engula sagrada baleia
para em seu ventre  morar
Fico aqui mais um pouco
Distante eu quero ficar
Lembre de mim com carinho
Que um dia eu vou voltar

Rode ciranda bonita
Ensine esse povo a rodar
Dance assim tão pequenina
Semente do campo a brotar

foto: Chrismatos ?Too busy, sorry via Compfight cc

LLCamp FotoRecado: Corazon Partido

“Todo caminho da gente é resvaloso.

Mas também, cair não prejudica demais

A gente levanta, a gente sobe, a gente volta!…

O correr da vida embrulha tudo; a vida é assim:

Esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa,

Sossega e depois desinquieta.

O que ela quer da gente é coragem.

Ser capaz de ficar alegre e mais alegre no meio da alegria,

E ainda mais alegre no meio da tristeza”…

Guimarães Rosa, via minha aluna Miriam Mamber, que conseguiu encaminhar poema que cabe como luva no instante atual.

 

Aniversário bão!

Ontem foi dia de aniversário na casa da Joaninha. Eu não tirei nenhuma foto – nenhuminha, juro – porque estava curtindo cada acontecimento.

No twitter, uma enxurrada de #lufreitasday e parabéns que me assombrou. Nas listas, idem. Montanhas de gente querida, muito querida, no meu orkut deixando lindos recados. No e-mail, idem.

Fechei o dia com um jantar em família. Afinal, é véspera de feriadão, tem gente viajando, amanhã tem festinha de amiga-professora, eu ainda tenho montanhas para escrever para a Revista Deusas e eu queria muito comemorar na Cozinha da Matilde – que está de agenda cheia, cheíissima, graças!

Houve muita emoção por aqui e deixo vocês com um poema lindo que a Nosphie me mandou de presente. Porque somos todas deusas – e nossa amizade começou com um poema….

Pro seu aniversário, eu escolhi outro presentinho, outro pedacinho de mim. Um poema que eu escrevi há anos, e que fala de mim… mas fala de você, e também da Lu.

E com ele, celebremos seu aniversário, e a benção e milagre que é o estarmos juntas.

Eu amo vocês. Feliz aniversário, Lucia. :**

Diosa

Yo soy la diosa antigua,
Eterna e inevitable, perenne…

Diosa del viento y la noche,
Señora de la fiera tormenta;
Cabalgando en los elementos,
Los corceles del relámpago
Me llevan hacia el universo…

Desafiando las batallas,
Recorriendo los caminos,
Construyo paso a paso
Las leyendas de mi vida.

Sacerdotisa del misterio,
Hija de la obscuridad…
Soy una, única y múltipla,
Soy mujer y diosa y bruja;
Renaciendo a cada noche
Recreo la vida y la muerte
En hechizos y embrujos;
La magia de mi diosa
Creando mundos e historias.

Nospheratt – 2002

Meu amor, carinho e respeito a cada um – acho que faltou responder a um tanto de gente, perdões – que lembrou de mim e me desejou felicidades. Vou carregar seus desejos pelo ano inteiro juntinho de mim.

Mário Quintana: Esperança

IMG_1895
Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança…
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA…

Mario Quintana

Um pouquim de Rilke

Rilke sempre adoça, ilumina, guia…
“Ah, contamos os anos e fazemos cortes aqui e ali e paramos e começamos e hesitamos entre essas opções. Mas quão inteiriço é tudo que nos sucede, e como tem parentesco uma coisa com outra, gerou a si mesma e cresce e é criada para se tornar ela mesma; e temos, no fundo, apenas que estar aí, mas simplesmente, mas insistentemente, tal como a Terra está aí, dizendo sim às estações, clara e escura e totalmente no espaço, não desejando repousar senão na rede de influências e forças onde as estrelas se sentem seguras.”
Rainer Maria Rilke (19 de outubro de 1907, carta para Clara Rilke) in Cartas do Poeta Sobre a Vida.