Reflexos

inominável, lufreitas@flickr
Sou um reflexo do que me construiu
DNA, comportamentos, modelos, experiências.
Um reflexo fixado nos panos que me fazem, camada a camada
participo – ou não – do que me cerca.
A vontade de ficar invisível, inexistente, é forte – diz do quanto não aceito ou vivo esses padrões
A certeza de que está tudo absolutamente errado manda sumir, desaparecer – e sei que isso não vai resolver.
E mesmo assim, há um senso fino e forte de que eu sei como ir, como ir, para onde ir.
A dúvida: quero ir?
As perdas, buracos vivos e sangrentos no meu coração, arrancam lágrimas e soluços – até que enfim! Até quando é possível conter uma corrente que precisa de expressão?
As derrotas, os erros repetidos sem consciência, de forma automática se fazem claros no instante em que as lágrimas lavam o rosto, enquanto os soluços balançam tudo.
E a vida, que até o extravasar, parecia sem sentido ganha alguns: dor, mágoa, tristeza…
A menina que estava assustadíssima, olhando pelo vidro acorda e pede acolhida.
E continua ali: atrás do vidro, sozinha, assustada, sem consolo ou acolhida.
Pronto, agora que ela aflorou, talvez seja possível fazê-la crescer.
Para descobrir que seu grande amor, aquele pai tão querido, não merece seu carinho, seu amor, sua dedicação.