Encontros

Cruzamentos de mundos, encruzilhadas sonoras.
Gostos, histórias, carreiras, vidas. Eu te conto a minha, você traceja a tua. Vamos trocando, paripassu, um dá, outro recolhe. Um dá outro, recolhe. O descompasso se insinua invisível: aos poucos, um dá mais que outro. A princípio nem se nota a diferença – é milimétrica. Com o tempo, senhor dos processos, abismos se abrem. Ninguém percebe…
Numa tempestade, arma-se um rompimento. Uma se marca pela insegurança, transfigura-se em muitas. Outro se fecha em copas. Conexões interrompidas. Igualdade restaurada? Qual nada. Perdem-se. Passam.
Volta a pergunta: o amor é um mal? Talvez não. Mas vejo os destroços enquanto arrumamos mais uma mudança. Companheiras antigas, ventanias verdes, hoje igualadas nas cores, refletimos.
Nos sabemos belas, desejantes, plurais e solitárias. Penélopes+Ulisses, guerreiras suaves. Acompanhadas pelos nossos irmãos, pais, mães, filhos, amigos. Revemos, olhos baixos e cabeça erguida. Cansadas, exaustas, exauridas. Já demos tanto, tanto, tanto. Para mais uma ver ver interrompidos sonhos. Mais um filme com final previsto.
Mesmo assim brilha, no final da escuridão, o lampejo da esperança, esta velha companheira. São teimosias, persisitências e buscas muito maiores e mais fortes.
Nem sempre é glorioso. Em geral, é bem humilde. Seguimos.