Sem fôlego

Caminhante, não há caminho, faz-se caminho ao andar…
A frase ecoa, circular, entre músicas, afazeres, sonhos.
surge um caminho como que do nada
feito de carinho, doçura, intimidade
Pontilhado de alegrias, olhos risonhos, prazer
e, como sempre, alguma dor.
Surpreende a facilidade, a simplicidade.
Pequenos balés que se fazem: na rua, no parque e, num dia por vir, à beira do mar.
Um mar bom que embala a vida, traz à vida novos sentimentos. Esperança.
Entre imagens e sons, fazemos.
Vai aí o original, de Antonio Machado:
Caminhante, são teus rastros
o caminho, e nada mais;
caminhante, não há caminho,
faz-se caminho ao andar.
Ao andar faz-se o caminho,
e ao olhar-se para trás
vê-se a senda que jamais
se há de voltar a pisar.
Caminhante, não há caminho,
somente sulcos no mar.

Sorrisos

Caminhada sob o sol a pino
Sobre a passarela
uma borboleta amarela
quase me atropela (e viva a rima quebrada)
Em frente ao HC, desamparo e dor
Atravesso o túnel, em direção ao cemitério
Céu azul, árvores em flor
Um reencontro no ponto – alguém cujo nome não sei
Tomo o ônibus errado, termino atrás da igreja
A felicidade do erro é linda!
Caminho sem medo sob o céu da cidade
Iluminada pela vida
Embalada pela inspiração
(22/2/07)

Mimos


Voam sorrisos e fotos
Encontram-se idéias, desejos, fazeres, paixões
Disparam-se futuros. Devir, por vir.
Tua presença é calor na carne
Desperta o que dormia
Coloca pra correr o medo

Seria melhor….

foto do Flickr de Nicola Millesuoni
Por Johannes Carl Freiberg Neto
…Roubar um beijo e depois ser preso
só porque quis amar.
…Selar as mãos e andar aos berros
correndo o risco de tropeçar.
….Ficar calado e dar só um sorriso
levando a vida na levada, só por levar.
….Fazer segredos por todas as ruas e todas as vias
deixando a policia louca pra pegar.
….Ter medo de se perder nas rotas 66
e mesmo assim, easy rider, viajar.
….Pegar o telefone e telefonar quando
o frio é um fio sem onde ligar.
….Comer-se e lamber-se e no silencio despir-se
fazendo metamorfoses até criar.
….Seria melhor…
…olhar e piscar
…beijar e morder
..cuspir e lamber
…juntar sem grudar.
…Seria melhor…
…dormir e sonhar
…acordar e te ver
..pensar e rever
…o passado falar.
Seria melhor…
….Contar no caminho
de um outro destino
escrito no vinco
dos labios a se beijar.

Pássaros de pés no chão

Por Johannes Carl Freiberg Neto

O abraço veio perdido
Veio querendo um querido
de um tempo que não sucedeu.
No rosto, a saudade perdida.
Sobre os ombros do desconhecidos a medida
do silencio cunhado mano- punhal .
Então veio o beijo, em lágrimas quentes,
bem rente ao pescoço, já dormente,
da saudade perdida numa vida desigual.
O peito enconstado pediu outros braços,
de uma gente que já não estava mais lá.
Não foi abandono, nem foi desinteresse
o que nesse Natal se sucedeu pros lados de cá.
O que se viu e sentiu foi o tranco do conflito
vindo depois de tanto tempo como um grito….
…. feito de um barulho surdo …..
de um peito já mudo …..
……..de tanto sorrir e chorar….
…………um oi …e um ultimo olá!….