Conquistar!

conquer

A imagem diz tudo – para quem entende inglês. Para quem não entende, traduzo:

O que você nega ou ignora, você ATRASA.

O que você aceita e enfrenta, você CONQUISTA.

Lembrete sensacional do lugar de onde vêm as forças para sobreviver e viver melhor.

 

viver o seu morrer

Don't panic, nevermindtheend, CC-BY-NC-ND

há quanto tempo será que eu li este livro [update: tirei o link porque estava levando para um vírus] ? foi 2003. bloguinho ainda era só este aqui mesmo…

Aí hoje embalada pelo primeiro dia (lindo )de trabalho, resolvi checar a saúde do latifúndio em wordpress instalado. e pimba! dei de cara com o post anterior aqui, que estava publicado só pra mimzinha desde o dia 27 de setembro.

Sobrevivi. Não só aos choques anafiláticos e à idiotice médica.

Sobrevivi ao medo, consegui ficar em cima das minhas pernocas de girafa, mais recheadinhas depois da jornada. São mais de 10 quilos a mais na balança que andam dizendo por aí que me deixaram boa de pegar… Ainda não me entendi muito bem com esta e outras mudanças… mas tô na luta.

Sobrevivi e quero gente. eu ainda não consigo me deixar pegar. mesmo. agora, só dá pra caminhar – e eu agradeço cada passo que consigo dar. E agradeço o dia em que li este livro, que mostra com clareza que nós somos responsáveis pela vida (e morte) que temos. E também pelas escolhas que fazemos a cada passinho.

Zilhões de coisas me habitam, da experiência de morte ao caminho que me trouxe a experiência. Do “emprego seguro” (só se for pro dono do jornal) à caminhada pelo mundo internético. Do primeiro Blogcamp às xexelentas páginas e grupos do Facebook de hoje.

Ainda lembro daquela que se sentou entre o Manoel Netto e o Tonobohn no Gafanhoto e mexeu pela primeira vez no painel do WordPress. E vivo com esta que hoje instala o WordPress sozinha, consegue ensinar, lê código como se fosse inglês (minha segunda língua).

E que não sabe ao certo o que se esconde na noite à frente. Esta é a mulher que, além do medo das pererecas que podem estar na privada, acredita que existem as estrelas, as fases da lua, o friozinho do inverno no cerrado.

Enquanto me agarro no pouco de chão que ainda existe, quero a bicicleta, os patins e, porquê não?, o avião.

E quem sabe, viver a vida como ela é, sem tantos preconceitos, de uma forma mais frugal, de um jeito mais meu.

Este pedaço de doença, eu acho que consegui. Ainda falta um tanto, mas parece que agora é ladeira abaixo – o que facilita bem, mas dá um tanto de frio na barriga.

O bom é saber que tenho muitos comigo. E que é assim mesmo – e se você olhar bem direitinho, tem ali atrás da outra tela pares de olhos brilhando, atentos, prontinhos pra conversar contigo.

O melhor é que agora eu tenho saúde e alento para ir ao encontro dos seus olhinhos. E das suas conversas. UHU!

foto: nevermindtheend, CC-BY-NC-ND

O dia em que senti a morte

hoje. 27 de setembro. a morte bateu em mim, tomou minhas células e me mostrou um caminho…

Assim: tive alergia à segunda droga da quimioterapia… exantema medicamentoso… mesmo assim, as oncologistas resolveram insistir e tentaram usar outra droga parecida.

Resultado: tive um choque anafilático durante a aplicação do taxafere. Fui devidamente socorrida, tratada e a dra. Holandesa Voadora resolveu insistir… a boca, queixo e língua incharam imeadiatamente.

O mal estar é horrível. Pressão sensacional no pescoço, pontos de luz, dores atrozes nas costas falta de ar, calor… gabi butcher definiu: afogar no seco. horrível

a moçada da Sânnadi foi sensacional, cuidou superbem de mim… e eu fiquei aqui com o cansaço e os efeitos poderosos de ter esta experiência.

 

Tico – 1999 – 2012

Um pouco depois da Charlote chegar, veio o seu par branquelo. Era Rodolfo, virou Tico por conta da numerologia…

Arisco, levou anos para me pedir um carinho. Bem mais que a Priscila. Nunca pediu nada. Raramente soltava seu miado fininho pela casa. Mas iluminava os olhos, sempre, sempre, sempre.

 

No dia do descabelamento, vi o moço mancando. No dia seguinte, levei ao veterinário. De volta, mediquei. Ele não melhorou. Na segunda, encontrei o moço jogado dentro da caixa de areia (suja)… embrulhei bem na toalha de madame, coloquei no transporte e corri pro hospital veterinário.

No dia seguinte, 12 de junho, eu fui pra quimio absolutamente preocupada com o braquelo. Quando voltei, liguei e descobri que não tinha jeito. Ele estava quase em coma. O povo do hospital tentou, mas não teve jeito, os rins tinham parado. Eu me despedi, mas tenho quase certeza que ele não ouviu. Eu chorei um pouco e fiquei com ele o caminho inteiro, como há de ser.

Ele deve estar enroladinho com a Charlote, num yin-yang eterno, agora.

I never gonna say goodbye, boy… Love you.

Descobertas no começo de 2012

sunflower, Kibbles, CC-BY-ND

Dormir direito é uma bênção.

Sonhar é fundamental para ter mais informação sobre si.

Eu ainda preciso ralar como uma moura pra resolver as questões que vêm da minha história (aka: infância, família, etc)

Desconectei das fontes. Isso dá uma angústia gigante, porque me sinto fora do fluxo.

Conectei em mim. E descubro como ser mais eficiente, quais as perguntas que realmente fazem crescer…

Meu jeito de cortar o que não funciona é virar as costas e andar.

Meu jeito de mostrar que não quero é o silêncio.

Meu jeito de fazer é do ouvido para os dedos.

Um eu que não está isolado, imerso num enorme mar cheio de história, de línguas, de relações, de vida, de sentidos.

Qual será o design mais funcional para a minha forma?

Este corpo ecto-endo que vai em direção à última maturidade… como? Quem estou deixando de ser? Quem estou cultivando aqui?

Uma infinidade de perguntas para marinar este corpo que se chama Lucia

Foto: sunflower, Kibbles, CC-BY-ND