Rizomas, raízes fundas. Enterradas em tempo, construídas em gestos, olhares, sons, toques. A boca sabe o que fazer, as entranhas conversam entre si. Tentar esquecer a mentira “alma gêmea”. Estar, receber, dar. Pulsar, pulsar.
Ouvir músicas e criar uma trilha sonora. Dores e angústias permeiam alegrias. Ser refúgio, dar abrigo a noites insones, cansaços, necessidades. Movimentos que se cruzam: de Sampa pro Rio; do Rio pra Sampa. Tentar usar saca-rolha pra arrancar conversas. Conseguir estar em silêncio, olhares mútuos iluminados pela tevê, pelo computador, por programas, pela lua cheia, por memórias, pela separação.
Atitudes que já não funcionam surgem. Medo do Velho. Contar cinco passos. Fazer cinco passos. Auto-poiese.
Despedir-se é melancólico. Cigarros se acendem na madrugada. O coração do outro embala meu sono. Tempos possíveis revelam devires. A pergunta fica: e agora? O gesto emerge, tentativa conhecida de construir uma ponte. Aérea? Dizer o sentimento, neste par, muitas vezes é em LIBRAS, a língua que esqueci por falta de uso, mas ainda sei. Olhos se iluminam com mãos que se movem. Como se diz “e agora?” em Libras?
Ponte Aérea?
O companheiro apareceu. Formas antigas e novas conviveram por algumas horas. Emergências. Vejo formas brotando do oceano da vida, surgem convites, brilho no olhar. Territórios se constroem.
Um bom encontro. Lembro dos olhos azuis da Marga. Lembro dos nossos encontros sobre Amor, Subjetividade e Cinema (acho que a ordem era outra…). Eta mistura boa. Ressurgem Antonia e Luigi. Será?
Ironia pura: do meio da luta pela sobrevivência surge um acontecimento que vira encontro. E vai virar o quê?
Perto e longe: sobre as distâncias
Um sonho. Um companheiro te diz o que falhou, como está. Um bom encontro que só acontece no sonho.
Uma busca: orkut, telemar, google. Nada dá resultado. Ninguém mais pode te contar onde anda o companheiro. Uma saudade gostosa, vontade de saber onde anda, o que aconteceu, como está a vida, os filhos…
Outro encontro: teu companheiro te encontra no orkut, te adiciona, te avisa que vem. Supresa feliz!
Amor velho tem um gosto de coisa boa
É como comida de alma.
Depois que passa a dor, a desilusão, o descompasso, amor velho vira pedaço de gente
E nos acompanha pela vida afora.
Sou colecionadora de amores velhos. Tenho quase uma meia dúzia que me fazem sorrir sozinha. Eles me dão uma certa paz de espírito pra seguir em frente, pra tentar encontrar amores novos.
Tem um quê daquela casa vivi quando era criança e agora volto a visitar, adulta.
Sou outra, a casa é outra, a rua é outra… mas há uma intimidade reconfortante. Uma doçura envolve pele, invade as narinas.
Você lembra o brigadeiro saindo da panela, o chocolate quente, o pão de queijo, o vinho derrubado no carpete, estrogonofes à espera da volta do trabalho, receitas trocadas, vidas entrelaçadas.
Satisfeita da vida, não contenho o sorriso.
On-line Peep Show
Viagens outras. Pessoas que conheço. Histórias que brotam na web. Web 2 me conquistando com sua graça e novidade. Olho o mundo e me sinto uma poça. Tudo bem, sinto que a água é da boa (rs rs rs). Mesmo assim, uma poça que se deixa encher pra depois vazar rumo a um riacho.
Mil vontades e nenhum movimento
Os trogloditas têm grana!!!
Fim de semana de sol de inverno. Fui à praia. Paúba continua linda, o povo continua o mesmo. Depois de um fim de semana ótimo, em que descarreguei, entrei no mar gelado, tomei solzinho fraco com vento frio – e foi muito BOM – dei de cara com o trânsito na Rio-Santos.
Até aí, tudo bem. É julho, férias, muita gente. Enchi a mente com a imagem da coruja pousada no telhado contra a baía fervendo de pôr-do-sol e tirei o pé do acelerador. Paciência, né? A gente tem que dividir espaço mesmo, faz parte do destino de ser humano.
Ah! mas isso só vale pros otários. Quem tem EcoSport, Focus, Astra, Audi, Peugeot e todos os carrões que custam uma bala não precisa! Cortam pelo acostamento, fazem ultrapassagem na fila dupla, limite de velocidade só pros outros. O fim da picada!!!
Ainda não entendo essa lógica selvagem que consome os paulistanos. Nasci e vivi em Sampa a vida toda. Vejo o jeito como as pessoas se comportam e só sinto nojo, asco, raiva. Pra quê lei, então? Pra quê se dar ao trabalho de ir votar? Pra quê?
Depois andam na rua todos bonitões, de carrões, roupa de grife… e são os verdadeiros trogloditas. Claro que todos estavam nas suas cadeiras lendo a história da Veja sobre o PCC. E se comportam igualzinho: qual a diferença do bandido puxando arma e do motorista ultrapassando em local probido?
Nenhuma! Os dois matam.
Para a semana, fica a imagem da coruja.
Na vida cotidiana infectada por bandidos disfarçados em carrões e roupinhas bacanas.