erased

Um bombom de nhá benta, disparos num céu azul e frio.
Amanhece e anoitece vazio
Empilho frases sem sentido, embalo lembranças
E vejo com a clareza cortante do gelo: i’m erased

Filhote de girafa

Presente da Regina Favre, hoje. Por que a girafa? Bom, eu sou comprida. E também posso ser tão desconjuntada quanto um filhotinho de girafa – principalmente quando estou aprendendo novos comportamentos.
E este é o caso no momento. Estou reaprendendo a ser trabalhadora, a ser jornalista, deixando de ser adolescente, num certo sentido. Vivo a tristeza e a satisfação de envelhecer e muitas contradições brotam, absolutamente desconjuntadas.
E da desconjunção girafística brotou uma mulher satisfeita, de pescoço comprido e rosto sério, atento, presente. Longa caminhada, hein, Favre?

Define: hope

início da transmissão
In: Dicionário da Filosofia, Nicola Abagnano, Ed. Martins Fontes
(in. Hope; fr. Espérance; al. Hoffnung; it. Speranza) 1. uma das emoções fundamentais (v. Emoção) 2. Uma das virtudes teologais (v. Virtude)
Uma das minhas bisavós atendia por Esperança. Sou bisneta desta emoção?
Infelizmente, não é possível sintetizar aqui, a definição de emoção do mesmo dicionário… são 14 páginas de considerações que atravessam a história da Filosofia. Fica a definição de Keleman, a que mais uso e estudo. “Emoção é um programa inato que dispara ações”. Há cinco básicas e muitas outras, mas só lembro de três agora: raiva, alegria, tristeza.
Se a esperança é uma emoção, ela dispara uma ação. Qual será? (reminder: item para pesquisa).
Resultado da pesquisa – uma música: We’re all in the dance, Feist

fim da transmissão

Message in a pixel

Boas muletas: trabalho, filosofia, arte e literatura (agora caminho com Clarice, a entrevistadeira)
O ladrilho do meu caminho: as lembranças do vivido. Isso ninguém tira de mim.
Para iluminar, elliot, vindo da minha alice queridíssima:
“…And what you do not know is the only thing you know
And what you own is what you do not own
And where you are is where you are not…”
t. s. eliot. four quartets

ps:impressionantes as afetações digitais…

Wish I could capture it

Parece que ângela, lá de onde está, conspirou. A lua cheia de hoje, depois do pôr-do-sol, depois do amanhecer – junto com este frio bão, sequinho e iluminado – me embalou. Confesso: quem me inspira é o velho filósofo, André Comte-Sponville, o salvador de almas. Acompanhado, como sempre, pelo velho Keleman, o fazedor de corpos. Estou há dois dias com o pequeno volume andando comigo… me ilumina a vida. Olha só alguns trechos que marquei (entre outros que já estavam marcados das leituras anteriores):

“Não há amor feliz, nem felicidade sem amor. Não há amor feliz enquanto falta ao amor seu objeto. Não há felicidade sem amor, enquanto a felicidade se regozija. (…) mas o amor vai além do casal, além até da família (…) Não há sabedoria que não seja de alegria; não há alegria que não seja de amar. (…) Regozijar-se com o que é, em vez de se entristecer (ou só se regozijar de forma inconstante) com o que não é. Amar, em vez de esperar ou temer. “
Concluindo, lembrarei simplesmente que o contrário de esperar não é temer, mas saber, poder e regozijar-se. Numa palavra, ou antes em três, o contrário de esperar é conhecer, agir e amar. É a única felicidade que não nos escapa. Não o desejo do que não temos ou do que não é (a falta, a esperança, a nostalgia), mas o conhecimento do que é, a vontade do que podemos, enfim o amor do que acontece e que, portanto, já nem precisamos possuir. Não mais a falta, mas a potência, não mais a esperança, mas a fidelidade e a gratidão.
Só esperamos o que não depende de nós; só queremos o que depende de nós. Só esperamos o que não é, só amamos o que é. (…) trata-se de aprender a desejar o que depende de nós (isto é, aprender a querer e a agir), trata-se de aprender a desejar o que é (isto é, amar), em vez de desejar sempre o que não é (esperar e lamentar).
(…)Não tentem amputar a sua parte de loucura, de esperança, portanto de angústia e de temor. Aprendam, ao contrário, a desenvolver sua parte de sabedoria, de potência – em outras palavras, de conhecimento, ação e amor. Não se impeçam de esperar: aprendam a pensar, aprendam a querer um pouco mais e a amar um pouco melhor. (…)
A felicidade não é um absoluto, é um processo, um movimento, um equilíbrio, só que instável. (…) Paremos de sonhar nossa vida!
Não se trata de impedir de esperar nem de esperar o desespero. Trata-se, na ordem teórica, de crer um pouco menos e conhecer um pouco mais; na ordem prática, política ou ética, trata-se de esperar um pouco menos e de agir um pouco mais; na ordem afetiva ou espiritual, trata-se de esperar um pouco menos e amar um pouco mais. ”

Fim da transmissão…