como ela dá conta?

Eu queria saber como ela dá conta?
Ela achou e perdeu. Ela briga, luta, escreve, escreve, escreve. E está lá, na luta. Eu sei, ela luta. Do meio do pânico, do meio da vida que parece ser do contra. Segue. Emociona. Cuida da casa, do gato, das contas, do ridículo da burocracia. Cuida dos amigos, dá aula, inventa, inspira.
Tia… você é uma heroína. Eu te admiro. Do fundo do coração, minha linda. Te amo, quieta no meu canto, sem muitos tec-tecs, nada de msn, livro de visitas vaziozim. És a primeira, sempre. Depois vêm outras, muitas outras, todas queridas, que compartilham contigo as muitas gavetinhas do meu coraçãozim.
Ela cuida do dia, este mesmo dia que eu já quase não tenho coragem de olhar. Afinal, meu trabalho eu posso muito bem fazer na quietude da madruga, fingir que dou conta durante o dia (absolutamente sonâmbula) e depois mergulhar de novo na dor da madruga. E esquecer, na trabalheira e na pressão, que solidão pesa. Eu sei. Pesa toneladas.
E pelo menos, eu tenho um cobertorzim pretim, dengosim. E outro amarelo. e outro branco. E um invasor(a).
E pelo menos tem gente de olho ni mim. Gente querida, que me cuida de longe e de perto. E eu aqui, andando na beira do precipício. Dá um medão cair! E nestes dias de lua cheia pintou uma intuição: eu vou conseguir chegar do outro lado. Falta só mais um pouquim…

Lembrete

As coisas nos atravessam. Também nos encontros não existe os inteiros. Como somos canais, somos banhados pelas palavras, imagens, fluxos – do capitalismo, informação, atmosfera, etc. Nós temos a capacidade de retenção e elaboração de forma de uma maneira infinitamente mais rica que qualquer primata. Isso quer dizer forma é função.

foto do Flickr do Bet0

ah, são tantas coisas…

A internet segue me cativando. Eventos, colaboração, organização, produção. tudo me pede atenção – enquanto escuto uma musiquinha, de preferência…
Ao mesmo tempo, através dos blogs chegam os comentários mais descabidos. No e-mail, bobagens sem tamanho. E a paciência escorre como se eu tentasse segurar água nas mãos.
No final, este post é pra comemorar, pra chorar, pra resmungar. Sem saber direito se estou alegre ou triste, sigo no trabalhão provisório, em busca de um trabalhinho fixo.
Será?

sonhando gatos e cobras

Hoje, depois de um longo e tenebroso inverno, sonhei. Um quarto. Muitas cobras pelo chão. Meus gatos. algumas eram venenosas. outras não. matar o veneno? Gatos e cobras num quarto escuro chamado mente.
sonho com cobras desde menina. lembro de cada sonho que tive com cobras. sempre a preocupação, a atenção. Detalhe: sou cobra no chinês. Cobras também têm uma semelhança maravilhosa com intestinos. movimentos subterrâneos que a gente vê. São bichos encantadores (e aterradores também…).
Uma peça do meu quebra-cabeças. Só mais uma…

Da raiva

raiva s.f. 2 acesso de fúria; arrebatamento violento; cólera, ira (Ex.: tremia e gritava de r.)
3 sentimento de irritação, agressividade, rancor e/ou frustração, motivados por aborrecimento, injustiça ou rejeição sofridas etc.
4 aversão em relação a algo ou alguém; horror, ojeriza

Sentimentos ganham, nas culturas, valoração. Bons, maus, neutros. E a pobre da raiva, tão útil, às vezes até bela, caiu na categoria: isso é ruim. Pra quem cara pálida? Agressividade bem usada vira negócio, pode ser uma ação interessante, cria outras oportunidades, tira esqueletos do armário.
Hoje vivi intensamente a experiência raiva/agressividade fora de mim. Fez um sentido imenso. E percebi o quanto a raiva reprimida/represada atravessa as mulheres. Fui testemunha de uma história intensa, dolorida, linda. Do aprendizado em grupo. Da confiança. Dos sentimentos que vão emergindo quando a gente tem espaço.
Uma honra. Fui escolhida a esmo pela vida para presenciar um momento muito especial.
Agradeço. (e nesta pequena palavra não cabe tudo o que sinto a respeito)