Depois do desgosto, o amor


Desgostosa com memórias e sensações dolorosas, me deixei levar ao fundo por elas. O ouriço tomou conta da minha pele. Vontade de eletrocutar-matar-eliminar todos os que me cercam.
Quase detonei projeto importante e bem-sucedido na onda do desgosto. E, graças ao amor das amigas mais queridas e próximas (apesar dos milhares de quilômetros) reencontrei a compaixão.
Reconhecida, amada, acolhida, pude ser humilde e pedir perdão. E do perdão veio mais acolhimento e amor.
Isso sim é um ciclo virtuoso.
Obrigada dupla dinâmica querida.

foto; Big Heart of Art – 1000 Visual Mashups, por qthomasbower, em  CC

For Lina

Lina Palestina boa de garfo
For the last days, I have the utmost pleasure of having Lina Rothman as my roommate… she is an American girl, 28, beautiful, so beautiful. She is in a real soul trip (I found it out) here in Brazil, trying to learn Portuguese. And for the last days, although I tried hard to speak to her in Portuguese, so she could learn, this house (aka Ladybug Hostel) has been an English spoken place.

I do love to have Lina as my companion at this time. First of all, look: I’m writing in English… WOW. Besides, she made clear to me that the questions we women have don’t have borders or frontiers. We all share the same questions marks, family issues, career doubts and so on…

Lina came into my life in a moment of pure loneliness and a kind of “soul trip”. In fact, she completely captivated me with her kindness, “do you want some hot tea with honey?”, her silence and serenity. Serenity, must be noticed, that comes of her shyness, one of the most alluring things about her.

She spent two weeks with me. I notice lots of changes on myself:

I’m speaking soft and low – most of the time

I’m washing dishes with a pleasure I didn’t have before (mostly because it remembers me of her)

I’m trying to write in English, so she can understand my writing. Although I imagine my English writing is kind of primary…

And, beyond this things, I’ve come to find a soul mate, just like my friend who sent her to me, Pati, to whom I never have to explain so much and is the most lovely person in this world.

I’m finishing this post on the end of my birthday… I’m doing this so Lina knows I’m happy and filled with love – from friends from all over the place. The day ended, Lina my xuxu, with a delicious Friday delivery dinner, part of it made by myself. I really can’t (yet) write the menu in English, sorry. But it was really delicious. And for my birthday cake, mom made pavê. YEAH!

Miss you, xuxu!

(written on april 18th, after my birthday – and for some reason not published till now)

1988: um post memória

disparado por Tucori
Lucia Freitas

Quando 1988 começou eu era filha de santo, frequentava uma casa de umbanda e achava que tinha que “me purificar” e parar de ser doida. Aos 23 parecia que a vida era comprida e duraria para sempre. Tudo começou num “trabalho” na Praia Grande, lotada de gente, de trabalhos, de congestionamento. Foi o ano em que resolvi terminar a tal da faculdade, que tinha “largado” por conta do primeiro emprego, na Rádio Cultura. Sim, eu comecei como assistente de produção por lá – e também produzia o guia do ouvinte, uma revistinha com toda a programação da Cultura FM…

Enquanto eu aprendia muito sobre música erudita – honra máxima, com os maiores maestros do Brasil – e lutava para chegar na hora às aulas noturnas, no toca-fitas do fusca amarelo recorria a titãs, legião, paralamas, the cure, joy division em fitas k7 muito das bem-gravadas para driblar a encheção das 19h, que atendia pelo nome de “Hora do Brasil”.

Rabiscava poemas em cadernos que guardo até hoje. Me encantava pelos homens errados – como ainda faço hoje. Adorava o silêncio da madrugada, e isso também não mudou. Era hora de fazer tec-tec-tec na máquina de escrever eletrônica da IBM… como é que a família conseguia dormir? Fumava, tomava café e ia até o meio da madruga enchendo folhas e folhas de hai-kais, poemas e muitos desabafos. 😀

A vida parecia não ter limites. Até que outubro ou novembro chegou. Uma noite – acho que foi quase exatamente há 20 anos, tipo dia 22 de outubro, aniversário de uma certa prima -, rolou um mega estresse e meus pais se separaram. Aquele deus-nos-acuda de gritos, berros, brigas. Não conto os detalhes, mas foi feio, feio.

88 foi ano de conhecer a Yara. Foi ano de me formar na faculdade e conseguir o tal do MTB, o registro de jornalista profissional. De não ter limite algum. De jogar muito I Ching. De deixar de lado o terreiro de umbanda e tentar “voltar à casa”. De colocar um pé no dark, outro no punk e curtir muito beber, dançar, enlouquecer.

Foi ano de constituição novinha em folha para o Brasil. Tempo de colecionar LPs. Tempo de ensaiar vôo solo para encarar de frente som e fúria, separação e loucura – perder o pé total. E publicar um pequeno poema concreto em alguma coletânea. Tempo…

porosidades

trocar dia por noite
temer o sono até cair de cansada
adorar o toque do lençol na pele, a ponto de querer ser um com ele, o colchão, o travesseiro.
não atender telefone, celular e deixar o computador o dia todo desligado – nem tchuns pros e-mails, pros sites, pra vida
não sair de casa por dias e dias a fio
ter vontade de sumir, evaporar
tudo para não ter que enrijecer – e voltar a ser raivosa.
ó padrão! tu és quase o meu patrão.

Curso cinema, subjetividade e amor

Olha eu aqui de novo no consultório da Marga para mais uma jornada de pensamento sobre encontros… Acabei de rever Antes do Amanhecer. Confesso: deu saudades de uma história de amor. Vontade – de novo – de ir a Viena no verão. Saudades do meu primeiro amor. um filme para conversar do que salta… ´Bora?