Tico – 1999 – 2012

Um pouco depois da Charlote chegar, veio o seu par branquelo. Era Rodolfo, virou Tico por conta da numerologia…

Arisco, levou anos para me pedir um carinho. Bem mais que a Priscila. Nunca pediu nada. Raramente soltava seu miado fininho pela casa. Mas iluminava os olhos, sempre, sempre, sempre.

 

No dia do descabelamento, vi o moço mancando. No dia seguinte, levei ao veterinário. De volta, mediquei. Ele não melhorou. Na segunda, encontrei o moço jogado dentro da caixa de areia (suja)… embrulhei bem na toalha de madame, coloquei no transporte e corri pro hospital veterinário.

No dia seguinte, 12 de junho, eu fui pra quimio absolutamente preocupada com o braquelo. Quando voltei, liguei e descobri que não tinha jeito. Ele estava quase em coma. O povo do hospital tentou, mas não teve jeito, os rins tinham parado. Eu me despedi, mas tenho quase certeza que ele não ouviu. Eu chorei um pouco e fiquei com ele o caminho inteiro, como há de ser.

Ele deve estar enroladinho com a Charlote, num yin-yang eterno, agora.

I never gonna say goodbye, boy… Love you.

Descobertas no começo de 2012

sunflower, Kibbles, CC-BY-ND

Dormir direito é uma bênção.

Sonhar é fundamental para ter mais informação sobre si.

Eu ainda preciso ralar como uma moura pra resolver as questões que vêm da minha história (aka: infância, família, etc)

Desconectei das fontes. Isso dá uma angústia gigante, porque me sinto fora do fluxo.

Conectei em mim. E descubro como ser mais eficiente, quais as perguntas que realmente fazem crescer…

Meu jeito de cortar o que não funciona é virar as costas e andar.

Meu jeito de mostrar que não quero é o silêncio.

Meu jeito de fazer é do ouvido para os dedos.

Um eu que não está isolado, imerso num enorme mar cheio de história, de línguas, de relações, de vida, de sentidos.

Qual será o design mais funcional para a minha forma?

Este corpo ecto-endo que vai em direção à última maturidade… como? Quem estou deixando de ser? Quem estou cultivando aqui?

Uma infinidade de perguntas para marinar este corpo que se chama Lucia

Foto: sunflower, Kibbles, CC-BY-ND

 

Olhos molhados

foto: 4-6, CC-BY-NC-NDfoto: 4-6, CC-BY-NC-ND

Com olhos molhados sigo em frente

Crente na máxima de que as lágrimas levantam o barco do leito seco e nos levam a um lugar melhor

E que vale o caminho, não o destino…

a arte de “ostrar”

untitled, daniel stark, CC-BY-NC-SAfoto: daniel stark, CC-BY-NC-SA

aí você chega a uma determinada altura e parte o seu coração
sozinha mesmo.
não precisou de nenhuma ajuda – fez a meleca por conta própria

Enquanto lambe as feridas, olha pra trás…
e aí aparece um padrão

Na hora H, no momento decisivo, algo dentro se parte
Me afasto, falho, falto, sumo, desapareço
Num passe de auto-sabotagem, coloco para correr exatamente as pessoas (duro este plural, mas é verdadeiro) que mais me conhecem e exigem o melhor de mim

Ou pior: deixo a ostra me engolir.
E os amigos queridos vão sumindo no tempo, na vida, ficam longe…

Resultado prático: evito conexões, questionamentos e não olho para o que tem que ser tratado e cuidado.

Que feio!

 

5 dicas para remendar um coração partido

LLCamp FotoRecado: Corazon Partidofoto: Gabi Butcher

Depois de ter o coração partido muitas vezes – diz a lenda que tenho o dedo podre… – eu me sinto na obrigação de compartilhar o que aprendi:
1. ficar triste não é pecado. Faz parte. quem aceita, faz passar mais rápido.
2. existe um mantra que ajuda: eu vou esquecer, eu vou esquecer, eu vou esquecer.
3. tenha sempre uma amiga de confiança que possa te dar socorro. Esta deveria ser a primeira, porque é a mais importante.
4. outro mantra: vai passar, vai passar, vai passar.
5. pega leve: pensar positivo ajuda muito a salvar a pátria.