Liane, a moça que virou estrela

Liane
“A democracia é poética”, Liane Lira, via OpenKnowledge Brasil

Eu só conheci a Liane nas listas de discussão. No Ônibus Hacker, mais precisamente. Não tive a honra ou a oportunidade de conhecê-la melhor, saber quem era. Mas a vi. E, graças aos muitos amigos em comum que temos/tivemos, soube que ela morreu.

Faz tempo que não choro por conta de mortes. Uns dois anos, pra ser mais exata – 2013 levou, em pouco mais de um mês, meus dois gordos preferidos, o Márcio Ribeiro e o Danilo, cujo post-memória devo até hoje, por absoluta impossibilidade de falar sobre ele.

eu não “conheci” a Liane e me entristeci com a sua partida. E aí descobri que ela era a mulher atrás do Diego, na foto que tanto amo. E pude ler outro depoimento, que inspirado em Sagan, me fez chorar de novo.

porque a gente merece mais gente iluminada, amorosa, hacker

porque ela não está mais aqui e nós, viventes, teremos que dar um cheio de fazer mais amor; plantar mais compreensão; hackear mais a vida; nos entendermos; criar outro mundo, mais cheio de universo, menos recheado de ego;

porque a gente precisa viver assim: pra deixar todo mundo desacorçoado quando morrer.

[E eu tenho sérias dúvidas de que tenho vivido assim, então choro pela Liane e por mim]

porque eu invejo muito todo mundo que morre dormindo. Ou que cai duro (como foram o Márcio e o Danilo)

Neste dia de chuva em Sampa, minhas lágrimas são pela Liane – e por mim, falhando miseravelmente em transformar meus sonhos em realidade.

A vida, esta viagem

Jpeg

Start it; you don’t have to be fancy.

Keep moving; you don’t have to go crazy.

Visualize; you don’t have to admit it.

See the end result; it doesn’t have to be material.

Expect miracles; they don’t have to be huge.

Pretend you’ve arrived; you don’t have to dance on tables.

And above all else, Lucia, have fun.

This is why you started it, right?

Life, what a trip –
The Universe

Boris – 2000 – 2015

Boris

Ele chegou assim como se fosse um raio de sol, trazendo sarna (literalmente) e enchendo a minha vida com a sua “falação”. Seus nhaunhau tão típicos farão muita, muita, muita falta – bem como a sua necessidade absoluta de colo e carinho, praticamente o tempo todo.
Eu soube, no começo do ano passado que sua saúde já tinha começado a vergar com o peso dos anos. Meu “velhinho maníaco”, querido, chamado de “gato senil” me irritou muito, mas também encheu minha vida de amor e cuidado.
Ontem veio a notícia de que os níveis de ureia e creatinina estavam altíssimos (10x o normal) e eu soube que era chegada a hora de deixá-lo partir, para evitar o desastre que se abateu sobre o Tico.
Sim, ele estava no meu colo quando a notícia ruim chegou. E foi exatamente neste lugar, que ele tanto gostava, que coloquei este gato tão especial para dormir.
É o fim do primeiro round: 15 anos depois, os quatro já foram.
Restam Nina e Beta que em breve ganharão um irmão. Porque não, eu não me conformo de ficar sem alguma testosterona em casa. Obrigada, loirinho.

Reflexos

inominável, lufreitas@flickr
Sou um reflexo do que me construiu
DNA, comportamentos, modelos, experiências.
Um reflexo fixado nos panos que me fazem, camada a camada
participo – ou não – do que me cerca.
A vontade de ficar invisível, inexistente, é forte – diz do quanto não aceito ou vivo esses padrões
A certeza de que está tudo absolutamente errado manda sumir, desaparecer – e sei que isso não vai resolver.
E mesmo assim, há um senso fino e forte de que eu sei como ir, como ir, para onde ir.
A dúvida: quero ir?
As perdas, buracos vivos e sangrentos no meu coração, arrancam lágrimas e soluços – até que enfim! Até quando é possível conter uma corrente que precisa de expressão?
As derrotas, os erros repetidos sem consciência, de forma automática se fazem claros no instante em que as lágrimas lavam o rosto, enquanto os soluços balançam tudo.
E a vida, que até o extravasar, parecia sem sentido ganha alguns: dor, mágoa, tristeza…
A menina que estava assustadíssima, olhando pelo vidro acorda e pede acolhida.
E continua ali: atrás do vidro, sozinha, assustada, sem consolo ou acolhida.
Pronto, agora que ela aflorou, talvez seja possível fazê-la crescer.
Para descobrir que seu grande amor, aquele pai tão querido, não merece seu carinho, seu amor, sua dedicação.

Dentro das águas

A woman heart is a deep ocean of secrets

presente da Ana Carolina Arruda (aka, Carol, querida!!!)

Quando aprende a habitar a si mesma
E estranha o sentir da própria carne
Quando faltam sorrisos
E também motivos para deixar de sorrir

Quando o descanso impera
E não se pode exigir nada além da espera

À espera da morte profana
Do que emana da vida insana
E inerte profunda inflama
Sob chamas alheias conclamas

Deixe-me aqui!
Que enquanto finjo que padeço
Amanheço em peles serenas
Me Refaço em minhas próprias penas
E levo-te a adentrar em meu novo EU
Morri dentro de mim mesma
E nasci do desfrute da dor que senti sem saber onde ia chegar

Cá estou
Deixe-me que chego lá
Onde nem sei se estou
Deixe-me que chego lá
Onde você pensa que me deixou
Mas estava eu apenas esquecida de mim mesma
Morri e brotei  de onde não se sabe,
onde os sonhos não alcançam
Vivi para ver conclamar que a sereia que canta bonito
Viaja dentro mar
E encanta você marinheiro que finge que sabe pescar
Fico porque nem sei se fui
E vou porque não sei ficar
Só sei que fecho os olhos e danço a dança do barco
De tanto o barqueiro remar

Caí nestas águas profundas
Me deixe que eu sei nadar
Me engula sagrada baleia
para em seu ventre  morar
Fico aqui mais um pouco
Distante eu quero ficar
Lembre de mim com carinho
Que um dia eu vou voltar

Rode ciranda bonita
Ensine esse povo a rodar
Dance assim tão pequenina
Semente do campo a brotar

foto: Chrismatos ?Too busy, sorry via Compfight cc