Cinzas no cinza

(post curto, em homenagem a Rosina, que foi desta para melhor anteontem)

Decidi hoje: por favor, quando eu morrer, quero ser cremada.
E, se for possível, espalhem as minhas cinzas na Avenida Paulista. Vou ficar em casa.

Chegou 2008!

Foto do Flickr do Beto
2007 acabou. 2008 veio. Sem desejos, com projetos simples e cheia de gratidão. Pela avalanche de trabalho, pelos amigos que sempre estão perto, pela vida – tão dura e rica.
Obrigada por me dar longas pernas – que adoram caminhar
Sou grata. Por ter parceiros de caminhada tão ricos: no Desabafo de Mãe, no Faça a Sua Parte, as minhas deusas maravilhosas no Deusário. Pelas oportunidades de trabalho. Pelo excesso de trabalho. Pelo coração cheio de amigos, conexões e discussões. Há tanto para acreditar. Há tanto pela frente. Inclusive durezas. E aí está a beleza…
Da gratidão nasce a compaixão, a doçura e a força que me faz suportar o cansaço e seguir escrevendo, atrás de prazos insanos, reunindo gente na Campus Party, produzindo sites. UFA!
Back to work… e são 4 da manhã.

ai que ódio!

Última semana do ano à vista. Sites para colocar no ar, negociação com clientes, notas para emitir. A rotina – avassaladora – de uma empresa de uma só mulher. Para completar, testes no novo sistema do Desabafo de Mãe, projetos mils, discussões com fornecedores. O trânsito, claro, está aquela paradeira. E, impossível esquecer, há que cuidar da organização do CampusBlog, dentro do CampusParty (de 11 a 17 de fevereiro de 2008).

De olho no futuro, digitando o presente. Sensação de lerdeza, de estar fora do tempo “correto”. Nada procede, tudo faz sentido. Inclusive as costas travadas, que fazem uma onda de dor atravessar o ombro, descer pelo braço e chegar aos dedos. Um caminho de fogo por onde caminha a preocupação, a tristeza, o que ficou entalado.

Quero minha câmera fotográfica de volta! quero usar meus anéis queridos de novo. E onde foi mesmo que foi parar o brinquinho lindo que ganhei da minha prima? Ai, como é difícil superar o roubo. Vontade de mudar, trocar de apê, criar outra vida… oras, mas não era isso que eu estava fazendo? FDP! Nessas horas entendo porque tem gente que é a favor da pena de morte.

Vazamentos

De repente, me sinto uma ilha. Surgiram vazamentos em todos os cantos: a máquina de lavar pratos, a geladeira e a privada estão em rebelião. AFE! Será efeito colateral do roubo? Haja paciência para aturar encanador que não aparece, técnico que não vem…

Reflexões sobre a perda

Restou o anel que nunca significou nada… o vazio tomou lugar dos armários e gavetas revirados. Num piscar de olhos, tudo ao chão e, antes do toque da meia-noite, tudo parecia em ordem. Na arrumação, alguns excessos saem. E lá estava o vazio, a falta, a perda.
Eram objetos queridos, cheios de história. Agora não mais “meus”. Falta a minha joaninha, falta o anel de árvore sefirótica, o de mandala, o de granada… os brincos vermelhos, as argolinhas de ouro que ganhei do vovô.
O ocaso de uma mulher? O nascimento de uma mulher? Restam orelhas, pescoço e dedos. Intactos, graças a deus. Restam os olhos, despidos das câmeras. O que fica carrega a história, dedilho possibilidades.
A reação? Adulta absoluta: prática, eficiente, comunicativa, informação sob medida, para quem importa. Nada é o ideal. Falta a ferramenta, falta… perdi um pedaço. Muitos pedaços.
Hora de deixar para trás o que ficou vencido, o que já foi. É preciso atualizar, fazer crescer e brotar novas partes, outras conexões. Com sorte, quando você diz “sim, eu perdi. Eu quero”, surge um novo compromisso e novos caminhos se abrem.
SIM, EU PERDI. Resta mandar para o universo o anel que não significa nada.