Desabafo sobre uma revolução digital que se configura

Paulo
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A história dirá – com muito mais clareza – o que estamos vivendo hoje. Acho que é uma revolução. E isso fica cada vez mais claro pra mim. Nós estamos fazendo história. UAU! Grande novidade, sempre fizemos! Só que nunca foi registrada por tantos, em suas próprias vozes. Até agora, na humanidade, havia quem fazia a história – e diversas contações desta história, versões quase sempre descoladas da realidade e privilegiando um único ponto de vista.
O meu exercício de blogar – acompanhado por poucos em número, mas muito relevantes para mim – no Puzzle é exatamente este. O Ladybug nasceu por conta da blogosfera e das afetações que produziu em mim. É um híbrido de mim com uma lista blogosfera que não existe mais há muito tempo (pelos nossos parêmetros). Minha blogagem perdeu muito na hibridação, inclusive. O que escrevo no Puzzle, por incrível que pareça, tem repercussão imediata, bate-pronto, quando acerto o alvo – o que, sabemos, não acontece sempre.
Quando se vive esta movimentação de placas tectônicas – sim, é uma reorganização do modo de viver, pensar, fazer, produzir grana, trabalhar, amar, ver, contar – a vida tem mais graça e sabor. Eu não sabia que viveria isso. Tenho a honra de viver este momento, que sei histórico, com um pouco mais de experiência que muitos na lista. Coisa besta, esta, a experiência. Basta estar atento que ela acontece – e eu tenho MUITAS experiências não porque sou melhor, só tenho mais idade… quase 43, veja só.
É um prazer, inclusive, estar com vocês, fazer este caminho ombro a ombro com cada um. Um sentimento que, confesso, é quase indizível. O prazer que tenho em falar de blog, de fazer blog, em contar este pequeno pedaço de um movimento gigantesco – que envolve novos fazeres, novos modelos (com muitos esses, né Netto?), outras versões de realidade. Uma, a gente sabe, se sobressairá. qual? O futuro, construído no agora, dirá.
Estou filosófica hoje. Discussões disparam esta reação em mim. A humanidade mudou. E eu estou coagulando em mim muitas informações, diversos modos de pensar e agir em meio a tamanha onda de intensidade. Talvez daí nasça uma nova Lucia. Ela sempre se refaz, tira, põe, recombina.
Porque, no final, resta uma única coisa (e isso eu já aprendi): você e o caminho que trilhou. Até aqui, parece tudo bem. Vamos em frente, sempre checando, sempre verificando, sempre consultando quem está conosco na caminhada. Tentando não subir no salto. Lutando para seguir mudando e andando.
Agradeço, do fundo do coração, o compartilhamento, o apoio, as discussões, os palpites.
bj
(P.S. Virou post, perdão)

No meio do caminho tinha um blog

No meio do caminho tinha um blog. E atrás do blog uma pessoa. E esta pessoa descobriu outras pessoas. Muitas outras pessoas. Ela se apaixonou. Quis mudar o mundo, surfar uma nova onda. E conheceu o mundo inteiro… um mundão grande, pontilhado de pessoas bonitas, de acontecimentos difíceis, posts lindos de chorar, sentimentos, emoções.
No meio do caminho tinha um blog. E a vontade de contar o mundo, de ser gente, de fazer gente ser gente. No meio do caminho tinha um blog e a vontade de criar, expandir a palavra commons. No meio do caminho tinha uma ferramenta. Um lugar de cauda longa onde gente conhece gente, corações se abrem, criaturas acontecem. E o mundo se fracionou, se ampliou, se aprofundou até voltar à superfície às vezes lisa, às vezes meio opaca.
No meio do caminho tinha gente, muita gente. Gente que luta, gente que vive de criar, gente que junta gente. Muita gente… todos blogueiros. E cada um te tocará, um dia, uma hora, um segundo. Por um minuto, seremos só nós dois, numa dança íntima onde eu digo e você escuta. Depois a gente troca – e se faz uma conversa.
No meio do caminho se faz um nó. E a rede se transforma em berço. Bem ali, no meio do caminho. Como as feiras da idade média. Mas em IP, DNS, RSS e HTML… ali, no meio do caminho – estaremos nós, todos nós, humanos, conectados, infinitos. Luzes, para sempre.
(Inspirado pela Zel. Não deu pra colocar todos os links, emocionei.)

Não vida e intensidade

Já há dois meses estou na correria com a tal da Campus Party – na verdade, com o Campus Blog, cuja organização me foi delegada. A partir de amanhã passo a viver umas 18h por dia na Bienal. Alegremente, porque não será a porcaria da São Paulo Fashion Week.
Para comemorar meu afastamento, nada melhor que este vídeo, antiguidade pura e diversão garantida.
Saudades dos amigos. Saudades da família. Saudades do tempo de manter de verdade um blog pessoal. Mas lá no trabalho está bem bacana. Até dia 18.


kitten vs. frontrow from mattcoats on Vimeo.

Mário Quintana: Esperança

IMG_1895
Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança…
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA…

Mario Quintana

Cinzas no cinza

(post curto, em homenagem a Rosina, que foi desta para melhor anteontem)

Decidi hoje: por favor, quando eu morrer, quero ser cremada.
E, se for possível, espalhem as minhas cinzas na Avenida Paulista. Vou ficar em casa.