a viagem da mala sem alça – para o além

Eu queria me divertir – sexo, risada, boa conversa – e só.
Ele inventou de complicar – muito. Começou manso, com a velha sedução (deliciosa) de que os homens são capazes. Adoro ser seduzida, confesso.
A coisa estava boa, me deixei levar. Afinal, quem não gosta de ser bajulada, paparicada, ganhar montes de presentinhos, conversar com homem inteligente, pensante, que gosta das mesmas coisas que você? TODO MUNDO GOSTA!
Venci as reservas, deixei de lado a cautela e entrei de cabeça. Dei com o coco num embroglio horroroso: um homem indeciso, fraco, mentiroso. Nada verdadeiro. Que inventa mil histórias (dignas de boa ficção científica) para tentar não enfrentar decisões… Pena que não vi antes. Fiquei dois meses sentindo saudades das manhãs boas, dos papos no balcão da padaria, das conversas, de dormir de conchinha e da montanha de gentilezas. Tsc, tsc, tsc.
Meu amigo Zé Alencar, recentemente falecido, sempre disse: entre um burro e um canalha não passa o fio de uma navalha. Sempre tive este ditado em alta consideração – além de outras liçõezinhas impagáveis que ele deixou. Pois é. Agora descobri uma nova dimensão no ditado: a burrice pode não ser apenas intelectual (que sempre me chama a atenção), mas emocional. E gente burra emocionalmente é tão canalha quanto os outros.
Sou a favor de encontros. Sou pró-liberdade. Sou a favor de respeito. A pena que me dá é que eu admirava este homem – quase tirei do ar o post em que falava dele, no dia 16 de fevereiro. Não vou fazer isso, não. Vou me respeitar – já que ele não foi capaz – e manter tudo o que senti vivo.
Sem esta mala sem alça, carregada de pedras, a vida deslanchou. Ontem o dia foi difícil, mas bom. Hoje o dia foi melhor. E, tenho certeza, já já aparece alguém que me toque o coração de novo.
Ah, canalhas também são ótimos professores. Nos ensinam direitinho como consertar corações partidos e seguir em frente. Adorei a viagem. Já estou planejando a próxima. Algum candidato?