Alemão que veio do Rio

No Humaitá, à sobra do Cristo, tem alguém que sabe certinho o que acontece – e está sintonizado na onda que surfo. Em tributo a este homem tão especial e importante, publique-se:

Antes do compromisso,
Há hesitação, a oportunidade de recuar,
A ineficácia permanente.
Em todo ato de iniciativa (e de criação),
Há uma verdade elementar
Cujo desconhecimento destrói muitas idéias
E planos esplêndidos:
No momento em que nos comprometemos de fato,
A Providência também age.
Ocorre toda espécie de coisas para nos ajudar,
Coisas que de outro modo nunca ocorreriam.
Toda uma cadeia de eventos emana decisão,
Fazendo vir em nosso favor todo tipo
De encontros, de incidentes
E de apoio material imprevistos
Que ninguém poderia sonhar
Que surgiria em seu caminho.
Começa, sempre, tudo o que possas fazer,
Ou que sonhas poder fazer.
A ousadia traz em si o gênio, o poder e a magia.

Goethe

Lá vem a vida

Mino carta estréia na blogosfera. Velho jornalista, novo meio. Em silêncio começa outro mês, recheado de natureza, feriados, à beira de uma votação. Além da arrebentação, espero… a onda virá, se levantará e usando os recursos disponíveis, estarei pronta ao surfe.
Alguém me disse outro dia no MSN que é pura adrenalina. Não tenho a menor noção da sensação muscular do surfe (uma velha curiosidade). O esporte das praias, resume-se a horas olhando o mar no seu ir e vir de diversas camadas. Mas há uma nova modalidade de surfe: a vida. Há ondas que sobem, períodos de simples estar, de espera sem expectativa. Sabe-se que ela virá. A onda. As ondas. A seqüência. E no simples estar, surge uma atenção, a prontidão para experimentar. Descer, deslizar, entrar no tubo, sair, sintonizar, cair.
Delicados equilíbrios feitos em chispas elétricas. E líquidas.

Para as crianças… Pina Bausch


Regina Favre; Margaret Chillemi; Fale com Ela; Bandoneon; O que fazem Pina Bausch e seus bailarinos em Wuppertal?
Ela chegou à minha vida por outras mãos. Fina, elegante, humana. Desde junho, a expectativa: ela vem! Para as crianças de ontem, hoje e amanhã (9-11 de outro jeito). De repente, um telefonema: “quer ir comigo?”. Que surpresa! Quanto prazer! Que felicidade! Os céus – e a amiga sensível – responderam aos tempos de penúria. Exclusivamente financeira, teimo em notar.
Ah! Dia de estréia, evento fechado. Nervoso ainda na rua: um bom congestionamento para marcar a coexistência de tantos eventos no mesmo lado da cidade. Os carrões e sua falta de educação se mostraram. Lá estavam os flashes para os globais, os notáveis. Os fotógrafos que tão bem conheço. Eu além do 1,80m por conta do salto tentando a invisibilidade. Só queria ver herr Bausch, deixar a arte me levar-enlevar.

Mais um alemão: Rilke

Estou muito só, mas não o bastante para que cada momento seja sagrado.
Sou muito pequeno nesse mundo, mas não o bastante para cair na tua frente
como uma coisa sutil e secreta
Quero a minha própria vontade, e quero simplesmente estar com a minha vontade,
que se prepara para a ação.
E nos momentos de silêncio, que por vezes mal se movem
quando alguma coisa se aproxima,
Quero estar com quem conhece as coisas secretas,
Ou então sozinho

R. M. Rilke in I am too alone in the world