Sobre emoções e sentimentos

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No Instagram só vi a foto dos corações. No Twitter eu vi de verdade que era um post. E fui ler. Porque eu sei que eu provoco. Eu e ela temos mil discussões sobre o que acho que são julgamentos de valor. O bom e o ruim. O sentimento que aleveia, como dizia a querida Lela, ou aquele que faz o coração pesar.

Não sei se é o luto – que ainda mora em mim, virando saudade aos pouquinhos – ou a tristeza (e luto) de ver tanta gente morrendo no país e no mundo. Não sei se é porque estou em plena complicação de ter uma pessoa disfuncional na família e ter que agir sobre isso.

Quando a gente fala que saúde mental é coisa séria, ainda tem gente que tira onda.

A Denise está seguindo o que lhe faz bem e sou grata por isso. É um exemplo do que fazer. Em meio a crises e luto, eu parto pra ação. É a minha natureza: ansiosa, quero resolver a questão. Se conseguir fazer isso no mesmo instante, o alívio é do nível orgástico.

Só que a vida não quer saber de muito orgasmo, em geral. Vida é som e fúria, tempestade e paixão – e haja trabalho, luta e suor pra dar conta dela. Somos afetados por tantas coisas! São afetos, emoções que nos tomam, sentimentos efervescentes… Da raiva ao amor, da satisfação ao nojo, há muitas delas. Um infinito, muitas galáxias de emoções, sentimentos, afetos.

Emoções e sentimentos são produto da vida em nós. Enquanto escrevo aqui, procrastino um trabalho, processo um sentimento de solidão enorme e a sensação de batalha perdida. Choro.

E não tem como pintar de cor de rosa e fazer essa tristeza virar alegria. Talvez mais tarde, quando eu fizer uma lasanha e os comensais ficarem contentes, eu me sinta um tanto satisfeita. Talvez se eu me teletransportar para um romance leve. O conflito, entretanto, estará presente. Ele se sentará ali naquele cantinho escuro e vai ficar quietinho. E presente.

24h mais tarde…

A escrita foi interrompida pela pessoa disfuncional. E, não, cozinhar não foi prazer, apesar da lasanha ter ficado muito da boa. A velha dor no meio das costas – uma fisgada, que aparece às vezes quando respiro, às vezes quando me mexo – voltou.

Dor. Medo. Tristeza. Tenho sido dominada por esse trio há tanto tempo que já nem sei mais como é viver sem. E eu aprendi uma coisa das adversidades que tive a sorte de viver: é só em contato com o real, o que é, que surge a cura.

E enquanto a cura não se completa, a gente vai se nutrindo do amor que brota – mesmo à distância e digital.

Carinho

O que resta é a alegria da lembrança. Agradeço a TODOS os que me cuidaram e amaram. Principalmente os silenciosos ou PVTs…

foto do Manoel Netto, em algum momento de 2007.