Sobre emoções e sentimentos

Photo by Fadi Xd on Unsplash

No Instagram só vi a foto dos corações. No Twitter eu vi de verdade que era um post. E fui ler. Porque eu sei que eu provoco. Eu e ela temos mil discussões sobre o que acho que são julgamentos de valor. O bom e o ruim. O sentimento que aleveia, como dizia a querida Lela, ou aquele que faz o coração pesar.

Não sei se é o luto – que ainda mora em mim, virando saudade aos pouquinhos – ou a tristeza (e luto) de ver tanta gente morrendo no país e no mundo. Não sei se é porque estou em plena complicação de ter uma pessoa disfuncional na família e ter que agir sobre isso.

Quando a gente fala que saúde mental é coisa séria, ainda tem gente que tira onda.

A Denise está seguindo o que lhe faz bem e sou grata por isso. É um exemplo do que fazer. Em meio a crises e luto, eu parto pra ação. É a minha natureza: ansiosa, quero resolver a questão. Se conseguir fazer isso no mesmo instante, o alívio é do nível orgástico.

Só que a vida não quer saber de muito orgasmo, em geral. Vida é som e fúria, tempestade e paixão – e haja trabalho, luta e suor pra dar conta dela. Somos afetados por tantas coisas! São afetos, emoções que nos tomam, sentimentos efervescentes… Da raiva ao amor, da satisfação ao nojo, há muitas delas. Um infinito, muitas galáxias de emoções, sentimentos, afetos.

Emoções e sentimentos são produto da vida em nós. Enquanto escrevo aqui, procrastino um trabalho, processo um sentimento de solidão enorme e a sensação de batalha perdida. Choro.

E não tem como pintar de cor de rosa e fazer essa tristeza virar alegria. Talvez mais tarde, quando eu fizer uma lasanha e os comensais ficarem contentes, eu me sinta um tanto satisfeita. Talvez se eu me teletransportar para um romance leve. O conflito, entretanto, estará presente. Ele se sentará ali naquele cantinho escuro e vai ficar quietinho. E presente.

24h mais tarde…

A escrita foi interrompida pela pessoa disfuncional. E, não, cozinhar não foi prazer, apesar da lasanha ter ficado muito da boa. A velha dor no meio das costas – uma fisgada, que aparece às vezes quando respiro, às vezes quando me mexo – voltou.

Dor. Medo. Tristeza. Tenho sido dominada por esse trio há tanto tempo que já nem sei mais como é viver sem. E eu aprendi uma coisa das adversidades que tive a sorte de viver: é só em contato com o real, o que é, que surge a cura.

E enquanto a cura não se completa, a gente vai se nutrindo do amor que brota – mesmo à distância e digital.

Notícias que fritam

Photo by Markus Winkler on Unsplash

Escuto as notícias. E vejo os caras que prometeram acabar definitivamente com a corrupção envolvidos em lavagem de dinheiro, rachadinhas… Corrupção. Isso enquanto morrem mais de 1.700 pessoas por dia. Com o chefe de estado (em minúscula, porque é minúsculo) negando a cada segundo a gravidade da situação. Um governo paralisado, uma vida confinada há quase um ano.

Eu frito.

A raiva emerge de tempos em tempos.

O vírus circula quase livre. A cada dez pessoas na rua, umas duas não usam máscaras. Outras as usam de forma errada – no queixo, na mão. Não têm medo do vírus, nem das UTI’s lotadas.

As notícias seguirão fritando. A esperança é que em 2022 se faça a demissão. No fundo, eu duvido.

Veremos.

querido diário

hoje foi dia de exame.

hoje é dia do seu aniversário.

tenho saudades, muitas. saudades de dormir a teu lado, minha mãe. saudades de fazer dos domingos dias de conversas, risadas, enfrentamentos e alegria.

saudades de fazer surpresas, comprar presentes, comer junto, viajar, rir, chorar.

Sigo. Por mim e por você.

opinião, ainda que tardia

Que interessante.
Eu sempre tive opiniões próprias, muito minhas.
Acabo de perceber que raramente as expressava claramente. E que agora, por algum motivo (sim, eu tenho cá minhas suspeitas) eu consigo as dizer, desenhar e mostrar.

Nina 2009-2019

Mais uma estrelinha. No fim de maio, a Nina se foi.

Sim, de novo convivemos com Síndrome Renal e dessa fez nem deu pra socorrer. Enquanto eu lutava com a dor, procurava atendimento pra dar descanso, ela morreu.

Seu corpinho preto e querido, que sempre estava perto, gelou.

E quando eu estava começando a organizar essa postagem, veio outra perda enorme, monumental, acachapante – que fica para o próximo post.

[interrompi e sigo, quase um mês e meio depois, para registrar essa passagem]

Nina foi uma gata preta e doce. Um tanto tímida, parecia envergonhada. Sempre minúscula. Jamais esqueci o primeiro peso: 965 gramas. Tivemos nove anos de convivência. Sempre foi uma gata doce – e um tanto assustadiça. Era dona do meu colo quando me deitava – e pulava assim que eu me mexia.

 

Seu lugar preferido: em cima da mesa

Sempre em volta de mim, adorava ficar entre eu e o teclado – ou na minha frente, na mesa. Nunca se entrosou muito com os outros gatos. Ela e Beta viviam a trocar “fus” e patadas. Não foram poucas as vezes que tive de interferir.

Adorava brincar e seus preferidos eram a varinha de pescar e as bolinhas.

Nina foi na frente abrir caminho pra Vera. Nem deu tempo de engolir essa perda e já tomei outro caldo…

Nina e Paula Maria
No colo de Paula Maria