Sensibilidade

Ao longo dos anos aprendi a aprender: ver e ouvir, tatear minhas medidas, viver meus mutantes tamanhos, pressentir meus movimentos mais profundos, navegar minhas próprias ondas.
E, finalmente, pude fazer, cada vez mais, os tais bons encontros. Nos bits, nas carnes, nos textos. Hoje ganhei um arranhão e um presente. Veio de uma gata selvagem que costuma fazê-lo – e por quem, pasma, descubro sentir compaixão, ternura, amizade. O carinho veio de um sorriso que só conheço na web e que reconhece, sem medo e de coração aberto, meu esforço para criar um outro lugar de comunicar. E este simples elogio, que reconhece minha intenção primeira – ativar emoções e mentes, avivar o leitor, acordá-lo para o vivo em si – pesca dentro de mim novas realidades.
De que serve sensibilidade diante dos brutos? A brutalidade, meus caros e caras, se disfarça em atitudes gentis e educadas, em namastês à frente do coração e em dedos que apontam erros.
Não há juízo de valor aqui, entendam. A brutalidade tem a sua função na vida – caso contrário, tenho certeza, não existiria. Ela faz par com o belo e o doce, compaixão e ternura.
E ao encerrar o dia, me satisfaço com realizações e erros. Viva!