Inédito 2 – Jornal do Extra

Tem um certo tipo de matéria que adoro escrever: sobre bebês. Detesto, no entano, a mania internacional da imprensa tratar mães e leitores como idiotas. Tudo tem que ser simples, fácil, bem básico. Resultado: você transmite informações que beiram a imbecilidade, infantiliza o tema.
Desenvolvimento de criança é coisa séria, seríissima. Magnífico, cheio de graça, ligado à história da vida no planeta, ele inspira, lembra histórias, me enche de esperança frente às mazelas naturais da luta pela sobrevivência.
Pra ganhar dinheiro acabo escrevendo matérias como esta aí embaixo

Um mundo de sensações

Como o bebê vê? O que ele sente dentro do útero? Como aprende? Aquele sorriso aos dois meses foi proposital? Bebês são seres encantadores! Imitam, aprendem e nos surpreendem com a velocidade da luz.
Desde o primeiro segundo, seu filhinho escuta tudo, reconhece a mamãe pelo cheiro, emite sons, tem o tato pronto para o toque. Os sentidos servem para isso mesmo: ligam-nos ao mundo e às pessoas.
Do nascimento à idade adulta, seu bebê vai aprender muito. Ele descobre a luz ainda no útero, acostuma-se e em algum tempo sabe a diferença entre claro e escuro. E você vai estar junto nesta caminhada. Vai descobrir seu temperamento, acompanhar e promover o desenvolvimento motor (dos movimentos), cognitivo (aprender a falar, ler) e emocional. E não precisa nenhum diploma. Atitudes simples e muito carinho dão conta do recado – e fazem maravilhas.

Cada fase, um brinquedo

Como o bebê se desenvolve e o que os pais podem fazer

Na gravidez
O que acontece?
Desde o início, os sentidos vão sendo “construídos” junto com o bebê. O tato é o primeiro a aparecer, seguido pelo paladar, olfato e audição. O último a ficar “pronto” é a visão.
Por volta do sexto mês, ele já pode tossir e soluçar. Escuta o tempo todo o do coração e o sistema digestivo da mamãe. Vozes, música e conversas também estão no útero, mas de um jeito diferente, porque o bebê está no líquido. No sétimo mês, olhos estão prontos para ver. Mas ele só percebe uma luminosidade sutil, lilás. Por volta do oitavo mês, já sabe a diferença entre claro e escuro.

O que fazer?
Nas últimas seis semanas é bom ler em voz alta para o bebê. Escolha uma história infantil – ela será a preferida do seu filho depois.
Eles podem escutar sua música preferida junto com você.

Nasceu!
O que acontece?
Todos os sentidos estão prontos para ganhar o mundo – e ajudar o bebê a descobrir o que o cerca. Sente gosto, cheiros, toque, frio, calor e escuta muito bem. Mesmo assim paladar, tato e visão ainda têm muito para amadurecer. Seu bebê só consegue ver objetos próximos – a distância é o rosto da mamãe quando está mamando. Cores, só depois dos 4 meses. Eles preferem sons agudos e não conhecem o sabor salgado.

O que fazer?
Os pequeninos são fascinados por rostos humanos. Olhe e converse com o bebê quando ele estiver acordado. O ideal é manter o rosto perto e exagerar expressões e sorrisos.
Eles adoram brinquedos coloridos nas cores primárias – vermelho, azul e amarelo. E conseguem acompanhar com os olhos.

6 meses
O que acontece?
Eles crescem e aprendem rápido! Já conseguem ficar sentados sem apoio, rolar e ganham a noção de permanência. Adoram ser tocados, ficar soltos num cobertor no chão e usar os brinquedos que o cercam. No próximo semestre vão aprender a engatinhar, ficar de pé. Adoram ‘cantarolar’ vogais e batem longos papos.
O que fazer?
O principal é fazer companhia. Quando ele estiver acordado, converse e reaja às expressões faciais do seu bebê. É vital dar estímulo, na forma de coisas para olhar, sons e formas e texturas para explorar.
Ele vai adorar brincar de “Cuca, achou”.
Deixe o bebê num cobertor, livre para brincar – mas sempre com um adulto por perto, para evitar acidentes. Nunca deixe seu bebê sozinho em lugares altos – ele pode cair.
Brinquedos: móbiles, chocalhos, brinquedos de morder, bolinhas e martelinhos macios.

1 ano
A partir do aniversário, a criança começa a observar os efeitos que provoca no ambiente que a cerca. Aprende a usar as duas mãos juntas, repete uma tentativa até conseguir o que quer. Seu vocabulário aumenta e às vezes usa a mesma palavra para muitas coisas.
O que fazer?
Sempre fale corretamente com a criança.
Fique junto durante as brincadeiras. Eles adoram argolas, cubos de montar grandes, bate-bola, brinquedos em que apertam botões e saltam peças ou abrem-se portas.
Conte histórias de livros de pano, que eles podem pegar e morder.

2 anos
O que acontece?
Ele já tem um andar mais firme e começa a dominar as palavras. Novos mundos se abrem para a criança quando ela pode andar para onde quer e falar. Começa a desenhar e pintar e demonstra preferência clara por uma das mãos para fazer isso. Neste último ano, eles desenvolveram a memória e já lembram de pessoas e coisas. Imitam e começa o processo de representação mental (fundamento para o jogo de faz-de-conta, a próxima etapa). Já consegue correr, trepar e quer fazer as coisas sozinho.
O que fazer?
Seja clara e direta nas falas: coloque o bloco em cima;
Ensinar as partes do corpo: olhos, nariz, boca, orelha
Brincar com giz de cera (tem que ser grande e atóxico)
Livros com figuras coloridas e textos divertidos
Brinquedos de empurrar, carrinhos, blocos de construção, bate-estacas, brinquedos de desmontar, túneis para passar dentro, cavalinhos, carrinho ou bicicleta sem pedal.
Brinquedos de puxar ajudam a desenvolver o equilíbrio

Para saber mais:
Brinquedoteca, um mergulho no brincar, Nylse Helena Silva Cunha, Ed. Maltese
O que esperar dos Primeiros Anos? Heidi Murkoff, Arlene Eisenberg, Sandee Hathaway, Ed. Record
Momentos Decisivos do Desenvolvimento Infantil, T. Berry Brazelton, Ed. Martins Fontes.

Fora da lagoa


Pra quem acha que lugar de sapo é na Lagoa,lá vai uma das muitas espécies que vivem no deserto. Estava mesmo em busca de um outro, que vi no Discovery ou no Animal Planet, que renasce com a chuva do verão.
Parábola pouca é bobagem.
Desert toad Posted by Picasa

Sorriso do Gato


“Mas eu não quero me encontrar com gente louca”, observou Alice. “Você não pode evitar isso”, replicou o gato. “Todos nós aqui somos loucos. Eu sou louco, você é louca”. “Como sabe que sou louca?”, indagou Alice. “Deve ser”, disse o gato, “ou não teria vindo aqui”. (Alice no País das Maravilhas)
Assim se descreve o blog Demencia13, do Cambaleante Hazzmanazz. Cheio de downloads, é escuro e metaleiro. Uma luz diferente. Posted by Picasa

update: O Demencia 13 fechou. Agora a onda permanece viva no Taverna do Bárbaro.

E agora? (Reencontros)

Rizomas, raízes fundas. Enterradas em tempo, construídas em gestos, olhares, sons, toques. A boca sabe o que fazer, as entranhas conversam entre si. Tentar esquecer a mentira “alma gêmea”. Estar, receber, dar. Pulsar, pulsar.
Ouvir músicas e criar uma trilha sonora. Dores e angústias permeiam alegrias. Ser refúgio, dar abrigo a noites insones, cansaços, necessidades. Movimentos que se cruzam: de Sampa pro Rio; do Rio pra Sampa. Tentar usar saca-rolha pra arrancar conversas. Conseguir estar em silêncio, olhares mútuos iluminados pela tevê, pelo computador, por programas, pela lua cheia, por memórias, pela separação.
Atitudes que já não funcionam surgem. Medo do Velho. Contar cinco passos. Fazer cinco passos. Auto-poiese.
Despedir-se é melancólico. Cigarros se acendem na madrugada. O coração do outro embala meu sono. Tempos possíveis revelam devires. A pergunta fica: e agora? O gesto emerge, tentativa conhecida de construir uma ponte. Aérea? Dizer o sentimento, neste par, muitas vezes é em LIBRAS, a língua que esqueci por falta de uso, mas ainda sei. Olhos se iluminam com mãos que se movem. Como se diz “e agora?” em Libras?