Foto num dos nossos aniversários (Eric e eu somos do mesmo dia, 17 de abril)
(texto para o jornal do Extra, oferecido na íntegra e em primeira mão aqui, só procês)
Eric Plank, 22 anos
Paula Plank, 55 anos
“Até os meus 18 anos, a gente era inimigo não-declarado”, começa Eric. Como assim? A mãe, Paula, cuidou de tudo: colégio, levar ao futebol às oito da manhã depois de trabalhar até de madrugada, comprar o primeiro violão… “Só consegui entender o que ela fazia por mim quando comecei a cuidar dos outros”, explica.
“Minha mãe é meu melhor amigo”, diz hoje Eric Plank, roqueiro, 22 anos. Sim, você leu certo: ele diz melhor amigo! O caminho, no entanto, foi marcado por brigas. Aos cinco anos, ele aprontava, ela olhava feio e ele se colocava de castigo sem a mãe mandar. Houve duas ocasiões em que se refugiou na avó porque ficou de mal com a mãe. Voltou rapidinho.
Quando deixou o sonho infantil de ser maestro e decidiu ser jogador de futebol, ela torcia pelo goleirão. “Uma das regras era: ninguém xinga a mãe do goleiro – senão eu dou porrada”, lembra o rapaz.
Depois de vitórias, derrotas e muitas contusões, o sonho de ser jogador profissional foi “abortado”. E a música chegou com força total. Além de dar o tal primeiro violão, a mãe marchava do Brooklin até a Consolação para as aulas.
Plank entrou na faculdade de jornalismo, mas abandonou o curso. Preferiu ser músico. Não houve problema em casa. “Ela respeita e me dá força. Vê o quanto eu gosto e já passou pela mesma coisa sem ter tido apoio de ninguém. Ela me dá força, faz parecer mais fácil essa conquista”, revela.
Também foi a mãe quem indicou a filosofia para o roqueiro. Ele começou pela Metamorfose, de Kafka; passou por Camus, O Estrangeiro; apaixonou-se por Nietzsche, principalmente Assim Falou Zaratustra e seguiu em frente com Platão. Sem medo das leituras complexas, Plank inspirou-se em O Príncipe, de Maquiavel para batizar a banda: Makiavel. A mãe, no entanto, foi proibida de ver os ensaios, apesar do apoio logístico. Só pôde ver a banda ao vivo no ano passado, no show de estréia.
A última façanha da dupla dinâmica aconteceu em fevereiro. Paula doou suas milhas aéreas para Plank ir ao Rio com todo o conforto assistir ao show dos Rolling Stones. Tudo por uma boa causa.