LLCamp FotoRecado: Corazon Partido

“Todo caminho da gente é resvaloso.

Mas também, cair não prejudica demais

A gente levanta, a gente sobe, a gente volta!…

O correr da vida embrulha tudo; a vida é assim:

Esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa,

Sossega e depois desinquieta.

O que ela quer da gente é coragem.

Ser capaz de ficar alegre e mais alegre no meio da alegria,

E ainda mais alegre no meio da tristeza”…

Guimarães Rosa, via minha aluna Miriam Mamber, que conseguiu encaminhar poema que cabe como luva no instante atual.

 

Conquistar!

conquer

A imagem diz tudo – para quem entende inglês. Para quem não entende, traduzo:

O que você nega ou ignora, você ATRASA.

O que você aceita e enfrenta, você CONQUISTA.

Lembrete sensacional do lugar de onde vêm as forças para sobreviver e viver melhor.

 

Priscila – 2000 – 2013

Priscila
Priscila

Eu tive câncer. Ela também. Nos tratamos juntas por um tempo. O estado terminal, nela, veio antes do meu…

Terça-feira, dia 6, escolhi por ela, que estava mancando, magrela, com dificuldade pra respirar: vai lá fazer companhia pro Tico, pra Charlote e pra todos nossos amiguinhos que já estão na paz.

Chorei muito. Tem um buraco aqui. Falta ela, a Priscila. A gata que odiava brincar com gatos – e era um grude doce, dengosa, companheirona.

E, depois de tudo, nossos corpos inertes deixam uma lembrança. E essa impressão sutil atravessa o universo, formada por nossas graças, olhares, afetos. É ela que fica ali, o tempo todo a lembrar: existimos, fomos, somos, seremos.

Lembranças, experiências, histórias.

 

viver o seu morrer

Don't panic, nevermindtheend, CC-BY-NC-ND

há quanto tempo será que eu li este livro [update: tirei o link porque estava levando para um vírus] ? foi 2003. bloguinho ainda era só este aqui mesmo…

Aí hoje embalada pelo primeiro dia (lindo )de trabalho, resolvi checar a saúde do latifúndio em wordpress instalado. e pimba! dei de cara com o post anterior aqui, que estava publicado só pra mimzinha desde o dia 27 de setembro.

Sobrevivi. Não só aos choques anafiláticos e à idiotice médica.

Sobrevivi ao medo, consegui ficar em cima das minhas pernocas de girafa, mais recheadinhas depois da jornada. São mais de 10 quilos a mais na balança que andam dizendo por aí que me deixaram boa de pegar… Ainda não me entendi muito bem com esta e outras mudanças… mas tô na luta.

Sobrevivi e quero gente. eu ainda não consigo me deixar pegar. mesmo. agora, só dá pra caminhar – e eu agradeço cada passo que consigo dar. E agradeço o dia em que li este livro, que mostra com clareza que nós somos responsáveis pela vida (e morte) que temos. E também pelas escolhas que fazemos a cada passinho.

Zilhões de coisas me habitam, da experiência de morte ao caminho que me trouxe a experiência. Do “emprego seguro” (só se for pro dono do jornal) à caminhada pelo mundo internético. Do primeiro Blogcamp às xexelentas páginas e grupos do Facebook de hoje.

Ainda lembro daquela que se sentou entre o Manoel Netto e o Tonobohn no Gafanhoto e mexeu pela primeira vez no painel do WordPress. E vivo com esta que hoje instala o WordPress sozinha, consegue ensinar, lê código como se fosse inglês (minha segunda língua).

E que não sabe ao certo o que se esconde na noite à frente. Esta é a mulher que, além do medo das pererecas que podem estar na privada, acredita que existem as estrelas, as fases da lua, o friozinho do inverno no cerrado.

Enquanto me agarro no pouco de chão que ainda existe, quero a bicicleta, os patins e, porquê não?, o avião.

E quem sabe, viver a vida como ela é, sem tantos preconceitos, de uma forma mais frugal, de um jeito mais meu.

Este pedaço de doença, eu acho que consegui. Ainda falta um tanto, mas parece que agora é ladeira abaixo – o que facilita bem, mas dá um tanto de frio na barriga.

O bom é saber que tenho muitos comigo. E que é assim mesmo – e se você olhar bem direitinho, tem ali atrás da outra tela pares de olhos brilhando, atentos, prontinhos pra conversar contigo.

O melhor é que agora eu tenho saúde e alento para ir ao encontro dos seus olhinhos. E das suas conversas. UHU!

foto: nevermindtheend, CC-BY-NC-ND

O dia em que senti a morte

hoje. 27 de setembro. a morte bateu em mim, tomou minhas células e me mostrou um caminho…

Assim: tive alergia à segunda droga da quimioterapia… exantema medicamentoso… mesmo assim, as oncologistas resolveram insistir e tentaram usar outra droga parecida.

Resultado: tive um choque anafilático durante a aplicação do taxafere. Fui devidamente socorrida, tratada e a dra. Holandesa Voadora resolveu insistir… a boca, queixo e língua incharam imeadiatamente.

O mal estar é horrível. Pressão sensacional no pescoço, pontos de luz, dores atrozes nas costas falta de ar, calor… gabi butcher definiu: afogar no seco. horrível

a moçada da Sânnadi foi sensacional, cuidou superbem de mim… e eu fiquei aqui com o cansaço e os efeitos poderosos de ter esta experiência.