Para as crianças… Pina Bausch


Regina Favre; Margaret Chillemi; Fale com Ela; Bandoneon; O que fazem Pina Bausch e seus bailarinos em Wuppertal?
Ela chegou à minha vida por outras mãos. Fina, elegante, humana. Desde junho, a expectativa: ela vem! Para as crianças de ontem, hoje e amanhã (9-11 de outro jeito). De repente, um telefonema: “quer ir comigo?”. Que surpresa! Quanto prazer! Que felicidade! Os céus – e a amiga sensível – responderam aos tempos de penúria. Exclusivamente financeira, teimo em notar.
Ah! Dia de estréia, evento fechado. Nervoso ainda na rua: um bom congestionamento para marcar a coexistência de tantos eventos no mesmo lado da cidade. Os carrões e sua falta de educação se mostraram. Lá estavam os flashes para os globais, os notáveis. Os fotógrafos que tão bem conheço. Eu além do 1,80m por conta do salto tentando a invisibilidade. Só queria ver herr Bausch, deixar a arte me levar-enlevar.

Mais um alemão: Rilke

Estou muito só, mas não o bastante para que cada momento seja sagrado.
Sou muito pequeno nesse mundo, mas não o bastante para cair na tua frente
como uma coisa sutil e secreta
Quero a minha própria vontade, e quero simplesmente estar com a minha vontade,
que se prepara para a ação.
E nos momentos de silêncio, que por vezes mal se movem
quando alguma coisa se aproxima,
Quero estar com quem conhece as coisas secretas,
Ou então sozinho

R. M. Rilke in I am too alone in the world

Brechtianas Kabaré


Levada pela mão, desvendo o universo. Mulher-criança boquiaberta, degustando de novo velhos conhecimentos. De primeira a Camarada Eugênia coloca o verso que passou anos e anos inspirando a minha vida:
“Há homens que lutam um dia, e são bons;
Há outros que lutam um ano, e são melhores;
Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons;
Porém há os que lutam toda a vida
Estes são os imprescindíveis”

Surpresa, surpresa. Montagem bem-feita, sensível, magnífica. Cadeira desconfortável para pernas grandes. Música de primeira, ambiente de primeira, companhia de primeira.
Valeu, João Grandão!
“Que nada seja computado como uma boa ação
Se não for uma ajuda real.
Que nada seja considerado honrado
Senão aquilo que muda o mundo
Definitivamente: ele precisa ser transformado” B. Brecht

Águas

Encharcada de palavras. As imagens avançam, loucas, adolescentes, em busca de um caminho para virar… o quê mesmo? Momentos sensacionais que se desmancham no ar, em ondas, pulsos, roteiros, projetos. Volta a imagem da célula que desintegra, cheia demais de imagens, sonhos, vôos rasantes sobre praias lindas.
Estrelas cadentes, músicas, filmes, poemas.
Tudo conspira e sigo, encharcada. Hormônios que deviam se desfazer arrastam em outra direção. Conexões, estradas, pontos de referência. Satelite peep. Comentários pulam da tela, servem de referência a uma outra viagem. Declarações se atravessam. Sentidos invertidos, pólos opostos, místicas, crenças. Caos e criação?
Come back? Go on!

Banzo

(24/8/2006 por Flávio Machado)

Acordei com um cheiro diferente
Conhecido
Familiar

Uma sensação de línguas e corpos que se entrelaçam
Odores que se misturam
Gostos que fundem

Acordei com tesão e saudade
Um banzo leve que cresceu
Depois do despertar

Madrugada
A pior hora
O silêncio
A ausência
O vazio

O sol e o cotidiano que não chegam
Para aplacar essa saudade
E diluir uma tempestade de hormônios e feromônios
Sentimentos que ainda me invadem
E me impelem a ir pra rua e te buscar na marra
Dizer o que o que você já sabe

Mas pouco importa
O dia corre
E fica só o medo da solidão