Por Marly de Oliveira, amiga de Clarice Lispector, em O Sangue nas Veias
Uma gema que fosse toda fria,
mas na aparência, e toda quente por dentro
e que tivesse a lisa superfície
do que se usa com grande atrevimento,
mas no íntimo; uma gema toda calma,
quase uma água esse fogo nos doendo,
um silêncio que fosse uma cascata,
mas do que o próprio fogo fosse o centro
e de que o próprio fogo fosse água.
Assim o amor, assim o que se espalha
e não se entorna, e vive do que vive,
e é móvel e capaz de ter limite;
assim o que se adestra e se dilata
como o sangue na veia, e é todo livre.