Restou o anel que nunca significou nada… o vazio tomou lugar dos armários e gavetas revirados. Num piscar de olhos, tudo ao chão e, antes do toque da meia-noite, tudo parecia em ordem. Na arrumação, alguns excessos saem. E lá estava o vazio, a falta, a perda.
Eram objetos queridos, cheios de história. Agora não mais “meus”. Falta a minha joaninha, falta o anel de árvore sefirótica, o de mandala, o de granada… os brincos vermelhos, as argolinhas de ouro que ganhei do vovô.
O ocaso de uma mulher? O nascimento de uma mulher? Restam orelhas, pescoço e dedos. Intactos, graças a deus. Restam os olhos, despidos das câmeras. O que fica carrega a história, dedilho possibilidades.
A reação? Adulta absoluta: prática, eficiente, comunicativa, informação sob medida, para quem importa. Nada é o ideal. Falta a ferramenta, falta… perdi um pedaço. Muitos pedaços.
Hora de deixar para trás o que ficou vencido, o que já foi. É preciso atualizar, fazer crescer e brotar novas partes, outras conexões. Com sorte, quando você diz “sim, eu perdi. Eu quero”, surge um novo compromisso e novos caminhos se abrem.
SIM, EU PERDI. Resta mandar para o universo o anel que não significa nada.