reunion

A janela

Johannes Carl Freiberg Neto*
Concentrei-me demais e já não ouço a tua voz
Sinto que me percorres ao redor, mas não te vejo.
Fica estreito o meu amor diante do pouco espaço que conheço
Andas insistente e me foges antes mesmo que te tenhas.

Assusta-me te pensar aqui tão perto e, acho que dentro,
Vendo cair sobre o solo frio e áspero as sombras de meu corpo.
Recuso tua alma assim como recuso te tocar
Mesmo o beijo que te entrego, deixo solto, volátil,

Reduzo a luz que inverte os sentidos, fechando os olhos.
Espremido e arredio deixo pender as incertezas que medito
È tão estranho e tão delicado este toque do olhar
Que duvido quanto da minha capacidade de te decifrar.

Aceno ao me ver extremo e distante de meus pensamentos.
Passo a mão pela face procurando uma razão. Não encontro.
Cintila um vermelho – púrpuro e amarelo pela fresta que se abriu.
O que será que existo ali?…..Aguardo o tempo mostrar?….Suspiro.

Reduzo ao mínimo minha vida, parando aos poucos de me mexer.
Não é inércia. È uma querência, uma urgência que não sei lidar.
Pergunto-me ( sem querer saber da resposta) o que faço com estes pedaços?
Artigos indefinidos de um mundo inexistente e prenhe de ilusões.

* Johannes, rolfista, começou recentemente a fazer poesia. É um colaborador esporádico e querido.