Perto e longe: sobre as distâncias

Um sonho. Um companheiro te diz o que falhou, como está. Um bom encontro que só acontece no sonho.
Uma busca: orkut, telemar, google. Nada dá resultado. Ninguém mais pode te contar onde anda o companheiro. Uma saudade gostosa, vontade de saber onde anda, o que aconteceu, como está a vida, os filhos…
Outro encontro: teu companheiro te encontra no orkut, te adiciona, te avisa que vem. Supresa feliz!

Amor velho tem um gosto de coisa boa
É como comida de alma.
Depois que passa a dor, a desilusão, o descompasso, amor velho vira pedaço de gente
E nos acompanha pela vida afora.
Sou colecionadora de amores velhos. Tenho quase uma meia dúzia que me fazem sorrir sozinha. Eles me dão uma certa paz de espírito pra seguir em frente, pra tentar encontrar amores novos.
Tem um quê daquela casa vivi quando era criança e agora volto a visitar, adulta.
Sou outra, a casa é outra, a rua é outra… mas há uma intimidade reconfortante. Uma doçura envolve pele, invade as narinas.
Você lembra o brigadeiro saindo da panela, o chocolate quente, o pão de queijo, o vinho derrubado no carpete, estrogonofes à espera da volta do trabalho, receitas trocadas, vidas entrelaçadas.
Satisfeita da vida, não contenho o sorriso.

On-line Peep Show

Viagens outras. Pessoas que conheço. Histórias que brotam na web. Web 2 me conquistando com sua graça e novidade. Olho o mundo e me sinto uma poça. Tudo bem, sinto que a água é da boa (rs rs rs). Mesmo assim, uma poça que se deixa encher pra depois vazar rumo a um riacho.
Mil vontades e nenhum movimento

Os trogloditas têm grana!!!

Fim de semana de sol de inverno. Fui à praia. Paúba continua linda, o povo continua o mesmo. Depois de um fim de semana ótimo, em que descarreguei, entrei no mar gelado, tomei solzinho fraco com vento frio – e foi muito BOM – dei de cara com o trânsito na Rio-Santos.
Até aí, tudo bem. É julho, férias, muita gente. Enchi a mente com a imagem da coruja pousada no telhado contra a baía fervendo de pôr-do-sol e tirei o pé do acelerador. Paciência, né? A gente tem que dividir espaço mesmo, faz parte do destino de ser humano.
Ah! mas isso só vale pros otários. Quem tem EcoSport, Focus, Astra, Audi, Peugeot e todos os carrões que custam uma bala não precisa! Cortam pelo acostamento, fazem ultrapassagem na fila dupla, limite de velocidade só pros outros. O fim da picada!!!
Ainda não entendo essa lógica selvagem que consome os paulistanos. Nasci e vivi em Sampa a vida toda. Vejo o jeito como as pessoas se comportam e só sinto nojo, asco, raiva. Pra quê lei, então? Pra quê se dar ao trabalho de ir votar? Pra quê?
Depois andam na rua todos bonitões, de carrões, roupa de grife… e são os verdadeiros trogloditas. Claro que todos estavam nas suas cadeiras lendo a história da Veja sobre o PCC. E se comportam igualzinho: qual a diferença do bandido puxando arma e do motorista ultrapassando em local probido?
Nenhuma! Os dois matam.
Para a semana, fica a imagem da coruja.
Na vida cotidiana infectada por bandidos disfarçados em carrões e roupinhas bacanas.

Movimento ou TAO, a instância da bruxa

Por Yara R. Araújo em algum momento de 1995:
Me desfaço em vento
Me reencontro no pensamento
Sou puro movimento
Se a vida é sofrimento
A força do encantamento
A certeza do crescimento
No fato do renascimento
A morte é encadeamento
Passagem para o livramento
Da consciência, o tormento
Desprendendo do espírito o embotamento
E as cores do esmaecimento
Decisão com encorajamento
Ação com sentimento
Na música, no momento
No sentido do esclarecimento
Na alegria do encorajamento
No pleno consentimento
Me desfaço em vento

Chiaroscuro

Eu sou um vento
ventania
me revisitando na vida
brisa
me levando à frente
sopro
embalando semente solta

vento, brisa, ventania
um canal pra correria
vento, pulso, vento, pulso
vai e vem, vai e vem

(março/2004)